Perfil no Instagram denuncia assédio moral na indústria da moda
Histórias enviadas por profissionais da área estão sendo publicadas na rede social
As cenas em que Miranda Priestly (Meryl Streep) humilha sua assistente Andy (Anne Hathaway), no filme O Diabo Veste Prada, não estão muito distantes da realidade do mundo da moda. É o que mostra a conta Fashion Assistants no Instagram. O perfil, que começou compartilhando memes relacionados à vida dos profissionais que trabalham com moda, se tornou um local de denúncia.
Diversas mensagens anônimas estão sendo postadas no feed com histórias sobre assédio moral em diferentes áreas da indústria. Os relatos dividem problemas que vão desde não serem pagos pelo trabalho feito, até mesmo situações vexatórias sobre aparência e hábitos alimentares. “Ela estava gritando e começou a chutar e atirar tudo que estava em sua frente. Infelizmente, uma das coisas que vieram na minha direção foi um par de botas acima do joelho, da Louboutin”, diz um dos posts.
Outra narra que o chefe, um editor de revista de moda, fazia comentários sexuais sobre a assistente de produção. Até o dia em que perguntou para um modelo, na frente dela, se ele queria transar com a moça.
“Trabalhei com um stylist de uma revista, que acabou demitido após assediar uma estagiária. Passei por situações com ele que me fizeram questionar o caminho da minha carreira, mas a pior foi quando ele me assediou sexualmente e fingiu que eu nem estava no mesmo ambiente.
Eu estava no camarim masculino, de joelhos, arrumando o sapato de um modelo. O modelo elogiou minha escolha do sapato, ao que meu chefe disse que não tinha gostado. Então ele perguntou se o modelo queria transar comigo. Eu tentei falar, mas ele literalmente me silenciou. Me senti envergonhada e o modelo ficou desconfortável.
Isto foi apenas um de muitos comentários agressivos. Tive que lidar com mudanças bruscas de opinião, quando ele elogiava meu trabalho e depois mudava de ideia. Era um ambiente tóxico e muitos estagiários sofreram comentários abusivos antes que ele fosse demitido.
Felizmente ele não trabalha mais na revista. Mas foi uma experiência traumatizante, que ninguém deveria sofrer no emprego, seja com um ou vinte anos de carreira.”