Por Flavia Guerra
São Paulo – Mais que somente roupa, para o verão 2013, Paula Raia queria criar espaço entre o corpo e o tecido. Não necessariamente pensando em fendas ou decotes, mas no espaço mínimo que separa a roupa da pele, em que o ar entra e o movimento se cria. Conseguiu. “Eu queria investigar este espaço pelo qual o ar literalmente entra e caminha entre uma roupa e nossa pele. O movimento, a sensualidade que ele nos dá. Por isso trabalhei detalhadamente em texturas, levezas e transparências”, disse a estilista ao jornal O Estado de S.Paulo.
Um ano após sua estreia na São Paulo Fashion Week (SPFW), na coleção apresentada na manhã desta terça-feira no ínfimo espaço de sua loja no Itaim (ínfimo se pensarmos nos tantos que queriam e nos poucos que couberam para conferir o desfile), a estilista trouxe uma coleção caprichosamente trabalhada nas texturas e no “perigo” que a sensualidade tanto precisa para existir.
O perigo insinuado por uma saia que parece cair e deslizar pela perna. Belo resultado ótico da costura habilidosa das peças em seda e de gaze (ou um finíssimo tule). Nas pernas, o tecido transparente ganhava ares de segunda pele e as tops desfilavam dando a impressão de que eram dignas “moças costuradas”. Mas nada de tétrico como as moças de Tim Burton. E sim delicadeza no movimento que se criava e evoluía.
Quadris marcados, algumas sobreposições, decotes estratégicos, recortes de tiras finas formando uma textura mais pesada, que, ao contrastar com a leveza das transparências, ressaltava ainda mais o “ar em movimento”. Para “colorir o ar”, branco, branco encardido, laranja lavado e castanho. Uma coleção ao mesmo tempo delicada e sensual, sóbria e construída.