Páginas escondidas no diário de Anne Frank revelam ‘piadas sujas’
Garota de 13 anos fala sobre prostituição, primeira menstruação e educação sexual em trecho escondido de seu diário

Anne Frank deixou um pequeno enigma sobre uma parte de seu diário. A jovem judia, que não tinha ideia do quão famoso seu diário se tornaria, colou um papel marrom por cima de duas páginas, escondendo o que havia escrito. Pesquisadores, porém, revelaram nesta terça-feira o que a garota de 13 anos tentou esconder: o que ela mesma chamou de “piadas sujas” e pensamentos sobre educação sexual.
“Qualquer um que ler as passagens que agora foram descobertas não será capaz de esconder um sorriso”, disse Frank van Vree, diretor do Instituto de Estudos da Guerra, Holocausto e Genocídio da Holanda. Ele disse que as piadas “deixam claro que Anne, com todos seus dons, era acima de tudo também uma garota comum”.
Anne e sua família se esconderam em um apertado anexo secreto acima de um armazém de julho de 1942 a agosto de 1944, junto a outros quatro judeus. Eles foram traídos e presos pelos nazistas em agosto de 1944.
As páginas, datadas de 28 de setembro de 1942, estavam no diário xadrez vermelho e branco que Anne havia recebido de aniversário em junho daquele ano, pouco antes de se esconder com sua família. Nas páginas escondidas, ela afirma que contaria “piadas sujas”.

Uma delas envolve um homem que teme estar sendo traído por sua mulher. Após procurar na casa, ele encontra um homem nu no armário. Quando o marido pergunta ao homem nu o que ele está fazendo lá, Anne escreveu, o homem nu responde: “Acredite ou não, estou esperando o bonde”.
Anne também afirmava nas páginas que uma jovem pode menstruar pela primeira vez aos 14 anos, “um indicativo de que ela pode ter relações sexuais com um homem, mas não o faz, é claro, antes de se casar”.
A garota também falou sobre prostituição. “Todos os homens, se normais, saem com mulheres, mulheres como essas os cumprimentam nas ruas e depois eles saem juntos. Em Paris eles têm grandes casas para isso. O papai esteve em uma delas”, escreve.
O museu Casa de Anne Frank fotografou as páginas com uma câmera de alta resolução e uma luz iluminando-as durante uma verificação regular da condição do diário em 2016. Depois, pesquisadores perceberam que o texto oculto era parcialmente visível e que softwares modernos provavelmente poderiam decifrá-lo.
(Com Reuters)