Os chinelos com meia eram malvistos — agora são tendência
Grifes como a Fendi e a Paco Rabanne adotam a combinação e chancelam uma moda que já despontava nas ruas e redes sociais
Quando as modelos da Fendi entraram na passarela para exibir a coleção Verão 2021, em Milão, em outubro, todo mundo olhou para baixo. Os pés é que chamaram atenção, pousados em chinelos e com meias três-quartos estampadas com o inconfundível F duplo da grife italiana. Tratava-se, segundo a estilista Silvia Fendi, da família fundadora e diretora de criação da marca, de oferecer uma imagem mais simples em dias tão difíceis. “Eles enxergaram o que o consumidor quer agora, usar peças confortáveis”, diz a consultora de moda Lilian Pacce.
O.k., o conforto é compulsório — mas vale até chinelo com meia, composição sempre tratada com desconfiança, mistura esquisita, para dizer o mínimo? Vale. A Fendi, a rigor, chancelou uma tendência que já começava a ser notada nas ruas e redes sociais, é claro. Tudo começou com a recente mudança de comportamento, com mais tempo em casa (e se era o caso de alguma tarefa do lado de fora, para que tirar o surrado chinelão?). E, então, deu-se a tração, alimentada por postagens de famosos. O ator Lázaro Ramos publicou uma foto no Instagram com meias brancas e chinelos pretos de tiras. “Pausa no trabalho para mostrar o look do dia”, escreveu. A apresentadora Sabrina Sato fez o mesmo com um slide — aquele de borracha e faixa larga, com aplicações de paetê prateado, da Paco Rabanne. Disse a atriz americana Sophie Turner, de Game of Thrones: “Não quero outra coisa além de dar aos meus pés o carinho e descanso necessários”.
De acordo com uma pesquisa publicada pela Lyst, plataforma americana especializada em tendências de consumo, a busca internacional por chinelos de dedo teve um aumento de 53% desde junho, em relação ao primeiro semestre deste ano. Líder no Brasil e com vendas em diversos países, as Havaianas lançaram um modelo de meia que pode ser usado com chinelo de dedo — tem uma divisória entre o dedão e os outros quatro dedos para que não incomode e escape a cada passo. No terceiro trimestre houve crescimento de vendas de 280% em relação aos três meses anteriores. E atire a primeira pedra quem não prefere conforto a um sapato alto ou apertado.
Publicado em VEJA de 18 de novembro de 2020, edição nº 2713