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O vexame de ‘Travessia’ ao falar de tecnologia com zero de conexão real

Autora da trama, Glória Perez escreveu um roteiro cheio de furos para falar do mundo digital, das fake news às redes sociais

Por Kelly Miyashiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 2 nov 2022, 10h27

Para uma novela cujo mote principal era falar de tecnologia, Travessia está proporcionando um verdadeiro vexame no horário nobre da Globo. Os furos no roteiro são inúmeros, a começar pela protagonista, Brisa (Lucy Alves): ela era uma aspirante a influenciadora digital no começo da história e depois se tornou, em velocidade assustadora, uma analfabeta digital que não cogita emprestar o celular de alguém para entrar em sua rede social e conseguir contato com sua família. Em razão disso, é dada como desaparecida pela sogra, filho e amigos no folhetim. Nos últimos capítulos, a mocinha entrou em desespero por não saber como falar com o próprio noivo, Ari (Chay Suede), que está aproveitando o sumiço para ser infiel.

Dentre outras questões um tanto ilógicas, a forma boba como a novela aborda a tecnologia, usando hologramas e tratando de forma completamente superficial do chamado Metaverso, à base de umas conversas vagas (e tolas) a respeito do shopping virtual de Guerra (Humberto Martins).

Até mesmo as fake news, outro ponto importante que o folhetim prometia abordar, são levadas ao público com pouca seriedade. Até agora, as notícias falsas foram produzidas pelo adolescente revoltado Rudá (Guilherme Cabral), que criou um vídeo incriminando Brisa como sequestradora de bebês, o que provocou o linchamento público dela. O filho de Guida (Alessandra Negrini) também fez uma montagem em que Moretti (Rodrigo Lombardi) dizia odiar cachorros, rendendo um “cancelamento” do empresário nas redes sociais. Ao tratar as cavilosas deep fakes como uma brincadeira de adolescente desocupado, a trama se esquiva da realidade: elas são usadas por grandes grupos (inclusive políticos) com o objetivo de destruir pessoas, espalhar desinformação – e são capazes de provocar até mortes.

Autora de sucessos como O Clone (2001) e Barriga de Aluguel (1990), que abordavam tendências tecnológicas como a clonagem e gravidez in vitro, respectivamente, Glória Perez precisa ajustar o tom de seu novo folhetim. Até agora, Travessia só engrossa a fila de produções da Globo que abordaram a tecnologia de forma vexatória, e corre o risco de virar um fracasso como Tempos Modernos (2010), Morde e Assopra (2011) e Geração Brasil (2014).

Futurista, Tempos Modernos mostrava a relação entre homem e máquinas com um protagonista que conversava com um robô. Geração Brasil tinha um “Steve Jobs” brasileiro com bastante linguagem marqueteira e pouca graça, misturando termos em português e inglês. Já Morde e Assopra virou um meme eterno por ter uma Flávia Alessandra travestida de androide. De memoráveis, apenas as piadas, sem nenhuma inovação. Fica a dica para Travessia: melhore sua conexão.

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