O que esperar do documentário ‘Get Back’, com cenas inéditas dos Beatles
O diretor Peter Jackson teve acesso a 56 horas de cenas dos bastidores da gravação do álbum 'Let It Be' e extraiu dali algo que nem Paul McCartney imaginava
Paul McCartney sabe que sua presença deixa qualquer pessoa nervosa. Afinal, ele é um ex-beatle. Foi com surpresa, portanto, que o cineasta Peter Jackson descobriu ser ele a causa do mesmo sentimento em McCartney. Em 2017, após um show em Auckland, na Nova Zelândia, o cantor e compositor iria se encontrar com Jackson e estava preocupado com que o cineasta poderia ter encontrado após obter acesso a 56 horas de cenas inéditas das filmagens feitas por Michael Lindsay-Hogg, em 1969, para um documentário sobre a gravação do álbum Let It Be.
“Eu apenas disse ao Paul: ‘Estou surpreso porque eu pensava que as gravações tinham sido horríveis para você. Eu estava achando que iria testemunhar um momento bastante sombrio – mas, na verdade, é exatamente o oposto. É incrivelmente engraçado. É incrivelmente animado. Vocês estavam se divertindo'”, relembrou Jackson, em uma entrevista publicada pela revista Variety. A resposta do cultuado diretor de O Senhor dos Anéis surpreendeu McCartney – que, após tantos anos, havia misturado suas próprias lembranças com as cenas do documentário de Lindsay-Hogg, no qual os Beatles aparecem brigando e discutindo incansavelmente.
Após adiar duas vezes o lançamento em razão da pandemia, Peter Jackson bateu o martelo com a Disney+ e finalmente vai revelar em 25, 26 e 27 de novembro o documentário Get Back, dividido em três partes, que mostra o resultado desse resgate histórico. O filme terá imagens nunca antes vistas de John, Paul, George e Ringo se divertindo no estúdio durante as gravações de Let It Be. A revista Variety, que teve acesso a 45 minutos do documentário, afirma que o trabalho não é um revisionismo mais alegre daqueles últimos anos e, sim, um capítulo extra de uma história que não havia sido contada completamente. Hipótese corroborada Jackson. “Não é a história que você leu nos livros.”
Após conversar com Paul McCartney na Nova Zelândia, Jackson viajou para Los Angeles para se encontrar com Ringo. A reação do baterista também o surpreendeu. No final, Ringo e Jackson estavam rindo das imagens. Yoko Ono e Olivia Harrison, viúvas de John e George, respectivamente, também foram consultadas e aprovaram o resultado.
O documentário vai mostrar a íntegra do último show dos Beatles, no topo do prédio onde funcionava a gravadora Apple Records, na Savile Row, 3, em Londres. A sequência do show vai ocupar 43 minutos do documentário, com cenas captadas da filmagem bruta, sem edição, e feita por pelo menos nove câmeras.
Exibido em maio de 1970, o filme de Michael Lindsay-Hogg foi considerado durante anos como a prova definitiva de que a banda vivia uma situação deprimente. Ao contrário das brigas apresentadas por Hogg, Jackson viu o quarteto escrevendo e fazendo arranjos juntos, enfim, se divertindo. Para Jackson, o que o documentário daquela época não mostrou – e que ele vai mostrar – é o que acontecia depois daquelas discussões. Ele vai mostrar, enfim, a mágica dos Beatles acontecendo. Um baita presente para os fãs.