Clique e Assine VEJA por R$ 9,90/mês
Continua após publicidade

O flamenco turbinado de Rosalía, a sensação pop espanhola

Nascida na rebelde Catalunha, a cantora se tornou a artista pop mais famosa da Espanha ao misturar pop com o tradicional ritmo de seu país

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 12h02 - Publicado em 7 Maio 2022, 08h00
SEM CASTANHOLAS - Rosalía: a artista já conquistou oito prêmios Grammy Latino -
SEM CASTANHOLAS - Rosalía: a artista já conquistou oito prêmios Grammy Latino – (Columbia Records/.)

Quando Rosalía Vila Tobella tinha apenas 6 anos, seu pai lhe pediu que entoasse uma canção durante um jantar em família. De olhos fechados, a garotinha então soltou sua voz para interpretar uma música típica da Catalunha, sua região de origem na Espanha. Ao reabri-los, a emoção: ela percebeu que todos à sua volta estavam com os olhos cheios de lágrimas. Naquele momento, recordaria a jovem mais tarde, ela percebeu que cantar era o que queria fazer na vida. Pois seus desejos foram atendidos: hoje aos 29 e conhecida simplesmente como Rosalía, a cantora é o maior produto de exportação pop da Espanha. Com três discos lançados, já ganhou um Grammy e oito prêmios Grammy Latino, além de acumular 20 milhões de seguidores no Instagram e 4 bilhões de visualizações de vídeos no YouTube.

El Mal Querer

Para além dos números, Rosalía revela-se a cara do novo pop global: mantém uma conexão forte com suas raízes espanholas, mas não abre mão de mesclá-las com o arsenal de ritmos em voga no streaming, do hip-hop ao trap. E o faz com um grau de personalidade que falta a outras cantoras com altas aspirações internacionais, mas musicalmente genéricas, como a brasileira Anitta. Rosalía incorpora em seus discos o flamenco, inconfundível ritmo cigano do sul da Espanha, mas lhe confere um banho de modernidade ao cruzá-lo com sons eletrônicos. A experimentação nos figurinos dos clipes e shows completa o pacote arrojado — e faz a artista passar longe do padrão das dançarinas de castanholas.

Continua após a publicidade

O terceiro álbum de Rosalía, Motomami, lançado em março, leva essa receita ao ápice. Gravado em Nova York, o disco mantém sua aposta em um flamenco rejuvenescido em faixas como Sakura e Bulerías, mas há espaço até para o jazz, como na surpreendente Saoko. É como se a latinidade de Shakira se fundisse ao apelo dançante de Madonna, com um toque caliente de Almodóvar (ela fez uma ponta, aliás, no penúltimo filme do diretor, Dor e Glória). Uma mistura que seduziu e rendeu parcerias com Billie Eilish e Björk. Madonna tentou contratar Rosalía para cantar em sua festa de aniversário no Marrocos, em 2019, mas a negociação não foi para a frente porque o cachê era muito alto (mais de 3 milhões de reais). “Eu a admiro porque, em um mundo cheio de estrelas pop que soam iguais, sinto que ela é verdadeiramente única”, rasgou-se Madonna, apesar da esnobada.

Motomami

Atualmente, Rosalía vive entre Manresa, na Catalunha, onde comprou uma mansão, e Miami, onde divide a casa com o namorado, o cantor porto-riquenho de reggae­ton Rauw Alejandro. Talvez sua maior ousadia seja fazer questão de cantar em espanhol — o que transforma seu êxito em um retrato dos novos tempos da música, já que isso seria impensável para triunfar nas paradas nos Estados Unidos até alguns anos atrás.

Continua após a publicidade

Curiosamente, a única oposição que a artista parece enfrentar é o fogo amigo vindo da própria Espanha. O fato de uma artista catalã — região separatista com idioma e cultura peculiares — cantar o tradicionalíssimo flamenco nascido na Andaluzia gera estranheza (mal comparando, seria como se um grupo paulista de axé estourasse nas paradas) e tem causado calorosas discussões sobre como Rosalía estaria fazendo algum tipo de expropriação cultural. Mas as picuinhas não a abalam. Atualmente em turnê internacional, a artista anunciou um show único no Brasil, em 22 de agosto, no Espaço das Américas, em São Paulo, e o primeiro lote de 4 000 ingressos se esgotou em minutos. A música, definitivamente, não tem mais fronteiras.

Publicado em VEJA de 11 de maio de 2022, edição nº 2788

CLIQUE NAS IMAGENS ABAIXO PARA COMPRAR

El Mal Querer
El Mal Querer
Motomami
Motomami

*A Editora Abril tem uma parceria com a Amazon, em que recebe uma porcentagem das vendas feitas por meio de seus sites. Isso não altera, de forma alguma, a avaliação realizada pela VEJA sobre os produtos ou serviços em questão, os quais os preços e estoque referem-se ao momento da publicação deste conteúdo.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.