Nunca foi fácil interpretar Jaime Lannister, diz ator de ‘Game of Thrones’
Nikolaj Coster-Waldau fala como foi sua jornada com o personagem e a despedida da série
O primeiro episódio de Game of Thrones não deixou boa impressão de Jaime Lannister. O personagem interpretado por Nikolaj Coster-Waldau empurrava Bran Stark (Isaac Hempstead-Wright) da janela de uma torre, depois de o menino flagrar Jamie fazendo sexo com sua irmã gêmea, amante e mãe de seus filhos, Cersei (Lena Headey). Jaime era arrogante e debochado, o melhor dos guerreiros e totalmente devotado à sua amada. Mas as coisas mudaram um bocado para ele ao longo da série, que estreia sua última temporada no domingo 14, às 22 horas, na HBO e HBO Go. Jaime perdeu os três filhos e a mão no processo. Também foi revelado que a ação que definiu sua vida – matar pelas costas o rei Aerys Targaryen, que tinha jurado defender, o que lhe rendeu o apelido de Regicida – tinha um outro lado.
No último episódio da sétima temporada, Jaime finalmente deixou Cersei para trás depois de ela afirmar que não ia cumprir o combinado com Jon Snow (Kit Harington) e Daenerys Targaryen (Emilia Clarke) e combater a ameaça do Rei da Noite. Jaime seguiu provavelmente para o norte, onde a batalha contra os mortos-vivos deve acontecer. Em entrevista a VEJA, o dinamarquês Nikolaj Coster-Waldau, 48, falou sobre a reação ao ler os últimos episódios e como foi se despedir de Game of Thrones:
O que pensou ao terminar de ler os seis últimos episódios? Imediatamente escrevi para David (Benioff) e Dan (Weiss) dizendo que achava impossível eles finalizarem melhor a história. Fiquei realmente impressionado com as surpresas – dramáticas, boas surpresas –, mas também com a lógica e como os roteiros eram fieis ao mundo que criamos.
Como foi se despedir do personagem? Seria lindo contar a história de como foi traumático terminar Game of Thrones, mas você não vai tirar essa narrativa de mim. Foi fantástico, mas também um alívio chegar ao fim. Não porque odiava a série. Alívio no sentido de ter orgulho e um sentimento de gratidão a David e Dan por não terem esticado a série. Eles seguiram firmes e finalizaram a história de maneira bonita. Teria sido horrível se fizéssemos outros cinco anos, e apenas dois jornalistas aparecessem para nos entrevistar, com aquele ar de “pelo amor de Deus, por que ainda estão fazendo isso?”. Mal posso esperar que as pessoas vejam.
O que aprendeu com o Regicida? Aprendi a não empurrar crianças da janela ou pelo menos a trancar a porta ao fazer sexo (risos). Não sei se aprendi algo com Jaime Lannister, mas aprendi muito com Game of Thrones, principalmente coisas técnicas, fazendo cenas de ação gigantes.
Há algo que admira nele? Eu o admiro muito. Acho que ele é incrível. Muita gente fala, mas ele age. Pode ser que os outros não gostem. É drama, e é drama ao extremo, então ele tenta matar um garoto inocente, mas apenas porque o menino podia custar a vida de seus filhos. Claro que no fim seus filhos perdem a vida por causa do que ele fez.
Como o amor de Jaime por Cersei mudou ao longo das oito temporadas? Bem, a vida muda. Ele envelheceu, e muitas coisas aconteceram. Perdeu três filhos, o que é significativo. É difícil para qualquer relacionamento sobreviver a isso, e o deles sobreviveu – eu acho. Agora, no final da sétima temporada, começo da oitava, a relação não está num bom momento. Mas eles estão conectados em tantos níveis…
Quando Jaime empurra Bran Stark da torre, diz: “As coisas que faço por amor”. O que você faria por amor? Espero que qualquer coisa pelos meus filhos e minha mulher, mas é impossível dizer algo específico. Essa é uma esperança. Você viu o filme Força Maior? Nele uma família passa férias esquiando e acontece uma avalanche. O pai pega o celular e sai correndo, deixando mulher e filhos para trás. A avalanche não atinge o lugar onde estão, ele volta como se não tivesse acontecido nada, e a mulher: “Você largou a gente aqui!”. Ele ama sua família, mas agiu assim. Então nunca se sabe.
Ficou mais fácil interpretar Jaime Lannister com o passar dos anos? Engraçado porque todo ano terminávamos a temporada e íamos fazer outros trabalhos. E milagrosamente voltávamos para mais um ano de Game of Thrones. Mas para mim sempre era como começar tudo de novo e descobrir como fazer Jaime.
Mas não era como voltar para casa? Sim, porque tínhamos muitos dos mesmos atores, a mesma equipe. Mas o trabalho nunca foi fácil para mim. Nunca senti que sabia como interpretar o personagem, porque cada temporada era diferente.
Fazer uma série como esta altera a maneira como os outros te veem. Teve dificuldades em convencer as pessoas de que podia fazer outros tipos de papel que não o de Jaime Lannister? No começo recebi muitas ofertas de cavaleiros. Mas na verdade todo o tipo de material chega para mim. Tenho tido sorte. Por muito tempo seremos associados a esta série, sem dúvida. Então é tudo uma questão de perspectiva. Você pode decidir ver isso como uma maldição. Para mim não é.