Novo documentário de Michael Moore compara Trump a Hitler
Com elementos clássicos e populistas do diretor, filme fala da ascensão de homens fortes a posições de poder
Michael Moore deu início explosivo ao Festival de Toronto na noite de quinta-feira, 6, com a primeira exibição mundial de Fahrenheit 11/9, seu novo documentário que explora a ascensão de Donald Trump ao cargo de presidente dos Estados Unidos.
Na obra, Moore traça paralelos entre a vitória eleitoral de Trump em novembro de 2016 e a ascensão de Adolf Hitler na Alemanha dos anos 1930.
O título do documentário faz referência a 9 de novembro de 2016, a data em que foi anunciada a vitória do republicano nas presidenciais. A obra também é uma sequência não oficial de seu “Fahrenheit 9/11” que apontou então para outro presidente republicano, George W. Bush, e foi o documentário de maior bilheteria de todos os tempos.
“Eu sou contra a esperança”, disse Moore na sessão oficial lotada no Ryerson Theatre, ao lado de ativistas como David Hogg, um dos adolescentes da escola Marjorie Stoneman Douglas em Parkland, Flórida, que viu 17 pessoas serem mortas e hoje luta pelo controle da venda de armas de guerra para civis e se mobiliza para que mais jovens votem.
Sobra para todo o mundo no documentário, que usa os elementos clássicos (e populistas) do diretor: humor, altas doses de participação de Michael Moore na narrativa e um certo exagero. “Como diabos isso aconteceu?”, pergunta Moore sobre a derrota da democrata Hillary Clinton em 2016.
Depois dos créditos, ele abre com uma imagem de Vladimir Putin e emenda com James Comey, ex-diretor do FBI, dizendo que, sim, ambos são culpados pela vitória de Trump, mas que ninguém tem mais culpa do que a cantora Gwen Stefani. Para Moore, foi porque Trump estava enciumado que Stefani ganhava mais no canal NBC (por causa do programa The Voice), que ele lançou sua candidatura à presidência.
A certa altura o filme sobrepõe palavras de Trump a vídeos de comícios de Hitler enquanto um historiador fala da ascensão de homens fortes a posições de poder.
O novo filme é um pedido de ação a todos os americanos, afirmou Moore, que conquistou um Oscar em 2003 por seu documentário sobre a violência das armas “Tiros em Columbine”.
No tapete vermelho, Michael Moore disse: “Temos de planejar cada fim de semana de agora até 6 de novembro (data das eleições para o Congresso e os governos estaduais). Quem mora até 3 ou 4 horas de um distrito que pode mudar de Republicano para Democrata precisa passar os próximos fins de semana lá para podermos tornar a Câmara e talvez o Senado democratas. Se fizermos isso, vai ser um grande golpe em Trump e nos dá tempo. Porque ele não vai desaparecer, mesmo que algo lhe aconteça, e precisamos aceitar essa ideia. Porque não adianta se todo o mundo voltar a pensar que não é possível que um cara como ele vá ganhar. Aprendemos uma lição”.
(Com AFP e Estadão Conteúdo)