Como novela da Globo ajuda no enfrentamento à violência doméstica
Personagem de "Volta por Cima" faz gesto universal de pedido de socorro, criado para alertar situações de risco

É indiscutível o papel da teledramaturgia no enfrentamento de preconceitos e de problemas sociais, como a violência, insegurança e corrupção. Folhetim que já caminha para o fim, Volta por Cima, da TV Globo, traz para as telas dos brasileiros o vilão Gerson, interpretado por Henrique Diaz, chefe do crime organizado e contumaz abusador de mulheres. No capítulo da última sexta-feira, 18, uma de suas vítimas, a espalhafatosa Roxelle, vivida pela loira exuberante Isadora Cruz, dá um jeitinho para romper as barreiras.
Apesar se ser mantida em cárcere privado, nos últimos episódios, ela consegue que o namorado a leve a um restaurante, onde encontra a oportunidade de pedir socorro: ao ser escoltada até o banheiro, estabelece o contato visual com uma mesa de mulheres, e, então, ao se virar de costas, faz o sinal universal, que denuncia que está sob ameaça.
Leia mais notícias sobre Volta por Cima
O gesto é relativamente novo. Foi criado, e, 2020, pela Canadian Women’s Foundation, para ajudar mulheres que enfrentam situações de risco e não podem se expressar verbalmente. Trata-se de um sinal discreto, feito quando a vítima está de costas, para que o agressor não perceba. Com os braços para trás, ela mostra a palma de uma das mãos, com o polegar dobrado no centro dela e os demais dedos esticados, que fecham na sequência encobrindo o dedão (veja abaixo).

O gesto de Roxelle viralizou ontem nas redes. Chamou atenção até da deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), relatora da Lei Maria da Penha, de 2006. “Ver este símbolo chegar ao horário nobre é um passo educativo importante na luta contra a violência, que atinge tantas mulheres no Brasil”, escreveu. “Cada alerta, cada informação compartilhada, cada sinal compreendido pode fazer a diferença.” A cada 15 minutos uma mulher é espancada no Brasil, de acordo com o Instituto Patrícia Galvão. Na maioria dos casos, o agressor é alguém do relacionamento próximo da vítima, como o marido, namorado e familiares.