Netflix desiste de gravar em estado americano por lei anti-LGBT
Legislação da Carolina do Norte obriga cidadãos transgêneros a usar banheiros correspondentes ao sexo definido na certidão de nascimento
A Netflix desistiu de gravar uma nova série original na Carolina do Norte, nos Estados Unidos, por causa de uma lei anti-LGBT aprovada em 2016. A legislação em questão obriga cidadãos transgêneros a usar banheiros públicos correspondentes ao sexo definido na certidão de nascimento.
Um ponto da lei, conhecida como a “a lei do banheiro”, que tem levantado ainda mais críticas é a proibição de decretos municipais contra discriminação de qualquer grupo, que já não esteja incluído na lei estadual até 2020 — caso da população LGBT. De acordo com a revista americana The Hollywood Reporter, a regra foi um fator chave para a Netflix decidir gravar a nova produção na Carolina do Sul.
“Essa pequena lei está custando à cidade boas oportunidades de emprego”, afirmou o criador da nova série Jonas Pate, que nasceu na Carolina do Norte, ao jornal local The Fayetteville Observer. De acordo com a publicação, a Netflix irá investir cerca de sessenta milhões de dólares no projeto de dez episódios.
O presidente da ONG Human Rights Campaign (o maior grupo de defesa dos direitos civis LGBT nos Estados Unidos), Chad Griffin, comemorou a novidade no Twitter: “Parabéns, Netflix, por ter levado a sério o impacto em seus talentos LGBTQ e empregados dessa lei vergonhosa”.
As gravações da nova série da Netflix OBX devem iniciar ainda no primeiro semestre de 2019. Na trama, um grupo de quatro adolescentes fica sem energia e comunicação, após a passagem de um furacão nas ilhas Outer Banks, na Carolina do Norte.
Essa não é a primeira vez que o estado americano perde uma produção de Hollywood por causa da legislação. Em junho de 2016, a Lionsgate anunciou que deixaria de gravar o piloto da série de comédia Crushed, exibida pelo serviço de streaming Hulu, pelo mesmo motivo. O estúdio chegou a divulgar um comunicado afirmando que a lei era “contra tudo o que eles acreditavam”.
Na mesma época, a Associação Cinematográfica da América afirmou que “os seus membros se opõem a qualquer lei que legitime a discriminação com base em orientação sexual, identidade ou expressão de gênero”.