Relâmpago: Revista em casa por 8,30/semana

Naomi Kawase, uma rara voz feminina no clube do cinema

A diretora japonesa lança 'Esplendor', exibido em competição no Festival de Cannes do ano passado

Por Mariane Morisawa
Atualizado em 11 Maio 2018, 13h19 - Publicado em 11 Maio 2018, 13h19

A ideia para o último longa da diretora japonesa Naomi Kawase, Esplendor, que estreou na quinta-feira no Brasil, surgiu quando a cineasta acompanhava o processo de audiodescrição – descrição das cenas em áudio feita para pessoas cegas ou com alguma deficiência visual – de seu trabalho anterior. “Percebi que era muito difícil descrever um filme apenas com palavras e que era necessário ter um amor muito grande pelo cinema para fazer esse trabalho”, diz Kawase a VEJA. Assim, criou a personagem Misako (Ayame Misaki), responsável por fazer as audiodescrições de filmes. No enredo do longa, ela encontra resistência a seu modo de atuar por parte do fotógrafo Masaya (Masatoshi Nagase), que está perdendo a visão.

Na entrevista a seguir, Naomi Kawase fala sobre Esplendor e sobre ser uma das poucas mulheres aceitas em festivais como o de Cannes, onde já esteve com sete filmes e onde apresentou o longa no ano passado, – e do cinema:

Como foi para o ator Masatoshi Nagase interpretar um cego? Alguns atores dizem que, ao interpretar cegos, eles literalmente ficam cegos temporariamente. Masatoshi disse exatamente isso. O personagem está perdendo sua visão aos poucos. Quando fica totalmente cego, Masatoshi disse que ficou cego também. Desse momento em diante, ele também perdeu 8 quilos – e foi num espaço de uma semana. De certa forma, o ator realmente tornou-se alguém que não podia enxergar. E ele teve dificuldade de se libertar do personagem depois da filmagem. Levou alguns meses.

Já tentou assistir a um filme de olhos fechados? Com meus filmes anteriores, sim. Foi isso que me inspirou este filme.

Você mesma escreveu as audiodescrições? Não. Escrevi o começo da audiodescrição. Mas no fim tive um profissional trabalhando nela. Porque o mais importante era mostrar a dificuldade de encontrar as palavras certas do que eu mesma queria escrever.

Continua após a publicidade

Estamos falando muito da presença feminina atrás das câmeras no cinema (em Cannes, onde seu filme foi apresentado ano passado, Naomi Kawase era uma das três cineastas mulheres na competição, número que se repete no festival de 2018). Vê algum progresso? Mudanças não acontecem da noite para o dia. Elas são sempre graduais. E então se tornam a regra. A transformação sempre vai ser combatida por aqueles que se opõem, mas acho que há consenso, pelo menos, de que queremos mais mulheres dirigindo. Então acho que já vemos um caminho.

Como é a situação para cineastas mulheres no Japão? Ah, dá para contar numa mão. Não temos muitas. Mas vejo muitas mulheres estudando cinema. Na minha época de faculdade de cinema, numa classe de 40 pessoas havia apenas eu e mais uma mulher. Agora tem muito mais. Obviamente vivemos num tempo em que é fácil fazer filmes se você tiver vontade. As câmeras são mais fáceis de obter e de usar. As formas de expressão estão disponíveis, e existem mais pessoas querendo usá-las, inclusive mulheres.

A personagem Misako não é muito boa com críticas. Como é sua relação com as críticas? Não sou como ela! Às vezes há críticas maliciosas, mas não fui tão exposta a elas.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 9,90/mês*
OFERTA RELÂMPAGO

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada edição sai por menos de R$ 9)
A partir de 32,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a R$ 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.