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‘Não posso viver como uma monja’, diz Angela Ro Ro sobre pedido de doações

Após pedir que depositassem 10 reais em sua conta, cantora recebeu convite para fazer duas lives; ela está escrevendo um livro biográfico "só pra assustar"

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 ago 2020, 15h48 - Publicado em 23 jun 2020, 10h00

Angela Ro Ro disse, nesta segunda-feira, 22, em conversa por telefone com a reportagem de VEJA, que o apelo feito por ela no Facebook surtiu efeito. Na última sexta-feira, 19, ela pediu que os fãs depositassem 10 reais em sua conta porque estaria passando por dificuldades financeiras. O pedido viralizou e, segundo ela, várias pessoas colaboraram. “Mas eu não posso viver como uma monja budista eternamente ganhando oferendas, né? Eu preciso trabalhar também”, disse, revelando ainda que a súplica virtual por dinheiro rendeu dois convites para lives com o Sesc e com a Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo. “Agora eu já consigo pagar os boletos”, disse, aliviada.

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Como está a saúde? Olha, meu anjo, primeiramente, estou muito bem de saúde. Estou na casa que era dos meus pais, em Saquarema [no litoral fluminense]. Estou fazendo a quarentena aqui. Estou sozinha apenas com meu caseiro, mas ele fica em outra casa. Estou em paz comigo mesma. Aqui tem um quintal bom, um céu para olhar, muitos passarinhos e bem menos gente do que na cidade grande.

O apelo no Facebook pedindo doações surtiu efeito? Tenho boas notícias. Surgiram duas propostas para fazer lives em julho, feitas por lugares honestos e bons. Mas eu não posso viver como uma monja budista eternamente ganhando oferendas, né? Eu preciso trabalhar também. Não posso viver só de doações. Meu negócio é cantar. Aquele pedido no Facebook não foi nenhum drama. Graças a Deus não tenho nenhuma doença. Não preciso de transplante de medula. Não tem nenhuma tragédia acontecendo comigo. Eu estava vendo minhas economias acabarem. Há seis meses que não trabalho e meu ofício vai ser o último a voltar. Não estou me fazendo de vítima. Estou bastante feliz comigo mesma. Mas, quem quiser depositar os “10 reau” na conta que informei, me ajuda. O pior de tudo são os óbitos sem parar. Está morrendo gente igual mosca. Muita gente não se protege e ainda tem essa incoerência de decretos que não sabe se fecha ou se abre.

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Quanto a senhora já recebeu de doações? Meu anjo, isso é uma coisa que eu não vou falar. Muitas pessoas depositaram. Esse dinheiro vai me aliviar no pagamento do meu plano de saúde, das férias do meu empregado, nos meus deveres trabalhistas, no IPTU e no condomínio. Os boletos da vida, não é? Eu estava aperreada. Estava tudo acumulando dívida. Pessoas que eu chamaria de estranhas porque não as conheço pessoalmente estão sendo minhas amigas. Seja qual for a quantia depositada, não estou fazendo nenhum crime. Apenas pedi doações voluntárias que estão me ajudando a passar por esse sufoco. Porque você vê o sufoco chegando e não pode deixar chegar ao ponto de dizer: “Meu Deus, chegou o sufoco!”. Minha caderneta de poupança tinha uma economia e, quando pisquei, cadê? Não estava entrando, só saindo. Apesar de eu não ser perdulária e viver uma vida modesta – eu não compro roupas há dez anos, por exemplo -, eu tenho minhas contas. Quero agradecer, de coração, aos jornalistas que me ajudaram divulgando meu apelo. Quero agradecer até quem fez fofoca porque, como diria mamãe: “Falem mal, mas falem de mim”. Vou retribuir com minha poesia e meu pensamento positivo desejando prosperidade, saúde, paz e amor.

Além do caseiro, a senhora não tem a companhia de mais ninguém? Estou sozinha. Tenho minha namorada que está na cidade dela, fazendo as coisas dela, vivendo a vida dela. Não queria falar dela porque os jornalistas já me expuseram demais e pode prejudicar o trabalho e a vida pessoal dela. É uma pessoa boa, amiga e que me faz bem. O resto eu não vou falar mais. Aqui em casa, no mês que vem, virá apenas o pessoal essencial para fazer as lives.

Nem bichinho de estimação a senhora tem em casa? Tenho sido visitada por dois gatos do vizinho. Acho que, por causa da pandemia, o pessoal aqui do lado está fazendo economia na ração deles. Comprei ração para eles e deixei aqui. Isso não vai me deixar pobre. Mas não tenho pets, não.

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Ficar em casa sozinha não é fácil. Muitas pessoas acabam exagerando na bebida alcoólica [interrompe a pergunta] Eu não bebo faz um tempão. Também parei de fumar. Meu anjo, você está com tempo para ouvir a lista de coisas que eu deixei de fazer desde 1998? A voz padece muito com o tabagismo e isso é uma coisa que eu me posiciono contra mesmo. O álcool faz a pessoa ficar de pilequinho e dar bandeira. Depois, vira uma maldição. O cigarro, ninguém vê nenhuma mudança comportamental, mas faz um mal desgraçado. Em 1998, eu perdi tanta coisa – meus pais, por exemplo – que eu nem notei que tinha parado de fumar e beber. Me sinto bem melhor hoje, especialmente em matéria de voz.

Como está passando o tempo aí em Saquarema? Eu tenho um tecladinho aqui que uso para compor. Tenho coisas prontas e outras inacabadas. Sabe, aquelas músicas que você escreve no papel e depois, cadê o papel? Aquela coisa… Eu também estou escrevendo um livro. Vou misturar com um pouco de tudo. Vai ter minha biografia também, só para assustar. Vou falar das grandes emoções da minha vida, dos amigos, dos vexames, das gargalhadas, dos choros, dos amores e das pirações.

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