Museu da Cidade de Manaus é inaugurado 36 anos após sua idealização
Instituição homenageia identidade do povo manauara com recursos como realidade virtual e vídeos interativos
Entre a criação no papel até sua inauguração, o Museu da Cidade de Manaus (MuMa) esperou 36 anos para finalmente abrir as portas ao público. A inauguração acontece nesta quarta-feira, 24 de outubro, data em que a capital do Amazonas comemora 349 anos. O projeto de 1982 só saiu da teoria em 2006, quando começaram as obras no prédio histórico do Paço da Liberdade, antiga sede da prefeitura de Manaus, na Praça Dom Pedro II. A restauração foi interrompida no ano seguinte, para que fosse explorado um rico sítio arqueológico no subsolo do prédio, onde foram encontrados mais de 200 artefatos, além de quatro urnas funerárias indígenas. Os resultados das escavações foram incorporados pelo museu a partir do trabalho do curador Marcello Dantas, e poderão ser experimentados pelos visitantes de forma física e virtual.
“Fizemos uma visita em realidade virtual aos campos arqueológicos de Manaus, um deles onde está o próprio museu”, conta Dantas a VEJA. “Já as peças que estavam no sítio estão visíveis exatamente onde sempre estiveram. Apenas usamos vidros no chão para mostrar as escavações.”
A sala é uma das muitas que envolvem a cultura identitária dos manauenses e sua história com a ajuda da tecnologia. Uma instalação interativa mostra a evolução da cidade em vídeos projetados em troncos de árvores, outra segue em telões suspensos o caminho dos rios e como Manaus se desenvolveu às margens do Amazonas (foto no topo), seguida por uma sala com telões touch screen que entram na casa de locais que contam suas histórias.
“Manaus é uma cidade contemporânea cheia de tecnologia, não é nada fora do comum essa imagem do índio de câmera na mão. Tecnologia é um grande aliado na selva”, conta Dantas sobre parte da inspiração que levou à concepção dos ambientes com recursos digitais. “Ao mesmo tempo, a história de Manaus é uma história da modernidade. Do automóvel, do eletrônico, da borracha.”
Segundo a prefeitura de Manaus, o objetivo do museu é ser uma referência “para questões da própria história da cidade, além de relacionar-se com o público de maneira moderna, lúdica e interativa.”
É difícil olhar para o palacete do século XIX e não lembrar da recente tragédia que acometeu o prédio do Museu Nacional no Rio de Janeiro, consumido por um incêndio no começo de setembro. Sobre precauções para evitar que o mesmo aconteça em Manaus, Dantas afirma que um plano de incêndio, com sistema de extintores e equipe treinada, oferece a segurança do local. “O que pode proteger o Museu é no futuro os governos continuarem a investir em mantê-lo bem cuidado e com prevenções sempre atualizadas. Só a vigilância permanente realmente protege”, afirma o curador da instituição, que foi levantada com verba da lei de incentivo fiscal Rouanet, totalizando pouco mais de 4,4 milhões de reais.
A prefeitura ressalta que foram seguidas todas as normas de combate a incêndio e sinistro, com rota e fuga sinalizada. Outro elemento de prevenção é que a mobília foi produzida com madeira MDF, mais resistente à água e fogo.
O Museu da Cidade de Manaus abre para a visitação pública a partir desta quarta-feira, das 9 às 17 horas, com funcionamento de terças-feiras a sábados. A entrada é gratuita. Confira abaixo mais imagens do museu.