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‘Mulan’ e Christopher Nolan, os símbolos instáveis da retomada dos cinemas

Superprodução da Disney e novo filme do aclamado diretor são tratados como ‘salvadores’ da indústria cinematográfica pós-pandemia — mas não será tão fácil

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 jul 2020, 14h04 - Publicado em 21 jul 2020, 11h15

Marcado para estrear em 27 de março, o live action de Mulan era uma das grandes apostas da Disney para 2020. Com orçamento estonteante de 200 milhões de dólares, a superprodução sobre a heroína chinesa, inspirada na animação de sucesso de 1998, poderia entrar com facilidade para o clube de filmes donos de bilheteria bilionária. Não fosse uma pandemia no meio do caminho.

Com cinemas fechados primeiro na China, o segundo maior mercado para a indústria cinematográfica, depois na Europa e nos Estados Unidos, o epicentro das bilheterias grandiosas, Mulan foi adiado para 24 de julho e, recentemente, para 21 de agosto. Ambas as previsões demonstram um otimismo até exagerado da Disney e dos exibidores. Para fazer valer os milhões de dólares investidos, Mulan precisa arrebanhar multidões pelo mundo – uma tarefa difícil em um momento em que aglomerações não são seguras.

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Paralelamente, outro concorrente inesperado corria ao lado de Mulan pelo título de “primeiro filme a estrear pós-pandemia”, que, pelas expectativas do mercado, salvaria o cinema da penúria em 2020. Tenet, nova obra do aclamado diretor Christopher Nolan (de Batman: O Cavaleiro das Trevas, A Origem, entre outros) teve sua data de lançamento alterada três vezes entre julho e agosto. Até que nesta segunda-feira, 20, o estúdio anunciou que o filme foi adiado indefinidamente. Ou seja, não tem mais uma data prevista para chegar aos cinemas.

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Robert Pattinson e John David Washington no filme Tenet, de Christopher Nolan (//Divulgação)
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Com seu roteiro mantido em segredo, Tenet acabou na corda bamba entre a possibilidade de estrear antes na Europa e acabar caindo em uma rede de pirataria, e até perdendo a graça para o público americano, que descobriria parte da trama se a estreia acontecesse em outros países antes. Nolan, que já criticou a Netflix e a cultura de se assistir a filmes no streaming, dificilmente vai liberar seu novo projeto se não for para salas de cinema. Logo, Tenet pode não só não “salvar” os cinemas em 2020, como talvez nem seja visto pelo público este ano.

Assim, Mulan venceu uma disputa que, no fundo, ninguém gostaria de competir nem ganhar. O longa se tornou um símbolo inevitável da crise. Toda vez que um jornal ou revista americanos se dedica a falar sobre quantos bilhões os cinemas estão perdendo este ano, é a imagem da heroína que estampa a matéria. Do mesmo modo, quando (e se) conseguir entrar em cartaz, a jovem chinesa – que ainda vai enfrentar um aumento do preconceito contra seu país, taxado como culpado pela pandemia — será o rosto da retomada que toda a cadeia envolvida na produção cinematográfica espera. Que responsabilidade.

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