Morre Paul Auster, cultuado autor de ‘A Trilogia de Nova York’
Americano de 77 anos se estabeleceu no universo literário com histórias que exploram as coincidências e o destino
Morreu nesta terça-feira. 30, o aclamado escritor americano Paul Auster, autor de A Trilogia de Nova York. A morte foi confirmada por um amigo de Auster à imprensa americana. Ele tinha 77 anos e morreu por complicações de um câncer de pulmão diagnosticado há pouco mais de um ano, em dezembro de 2022.
Nascido em Newark, Nova Jersey, em 1947, Auster contava que sua paixão pela escrita começou os oito anos de idade: naquela época, perdera a oportunidade de ganhar um autógrafo de seu jogador de beisebol favorito porque não estava com um lápis e, desde então, passou a levar o instrumento para todos os lugares. “Se você tem um lápis no bolso, há uma boa chance de um dia você se sentir tentado a começar a usá-lo”, escreveu em um ensaio de 1995.
Seu trabalho de estreia, A Invenção da Solidão, foi publicado em 1982, a partir de memórias inquietantes do pai, morto pouco antes, em 1979. Na obra tocante, ele discorre sobre o passado familiar e revela, entre outras coisas, que o avô paterno foi baleado e morto pela vó, que acabou absolvida por insanidade. Foi a publicação de Cidade de Vidro (1985), no entanto, primeiro volume de sua famosa trilogia nova-iorquina, que o consolidou no universo literário — na trama investigativa, um escritor de histórias policiais é confundido com um detetive particular e passa a encarnar a sério o papel.
Autor de mais de 30 livros, Auster criava histórias que brincam com coincidência, acaso e destino — o apreço pelo tema veio de um trauma: durante em uma caminhada frugal em um dia de verão, quando tinha 14 anos, viu um garoto ser atingido por um raio do seu lado e morrer instantaneamente. Muitos de seus protagonistas são escritores, e sua obra, não raramente, é autorreferenciada, com personagens de sus primeiros romances aparecendo em escritos posteriores. Entre seus trabalhos de sucesso, destacam-se obras como O livro das ilusões (2002) e Desvarios do Brooklyn (2005). Sua última obra, Baumgartner, foi publicada no ano passado.