Morreu nesta quarta-feira, 23, o poeta e filósofo Antonio Cícero, aos 79 anos, após uma eutanásia na Suíça. O escritor foi diagnosticado com Alzheimer nos últimos anos, e optou pela morte assistida no país europeu, onde o procedimento é permitido. “Queridos amigos, encontro-me na Suíça, prestes a praticar eutanásia. O que ocorre é que minha vida se tornou insuportável. Estou sofrendo de Alzheimer. Assim, não me lembro sequer de algumas coisas que ocorreram não apenas no passado remoto, mas mesmo de coisas que ocorreram ontem”, escreveu em uma carta compartilhada na coluna de Lauro Jardim, no Globo.
No texto tocante, Antonio Cícero, que estava acompanhado do marido durante todo o processo, relatou que já não conseguia mais “escrever bons poemas nem bons ensaios de filosofia”, se concentrar para ler — que ele descreve como “a coisa de que mais gostava no mundo” — ou mesmo reconhecer pessoas com quem já conviveu. “Apesar de tudo isso, ainda estou lúcido o bastante para reconhecer minha terrível situação”, atestou ele, dizendo também que, como ateu, “tem consciência” de que quem decide “se a vida vale a pena ou não” é ele mesmo.
Nascido no Rio de Janeiro, Antonio Cícero se formou em filosofia, e se consolidou em diversas faces da arte brasileira: foi um exímio poeta, compositor, escritor, filósofo e parceiro fiel da irmã Marina Lima, com quem compôs músicas como Fullgás, Charme do Mundo e Pra Começar. Membro da Academia Brasileira de letras desde 2017, é autor de livros como A Cidade e os Livros e Porventura.