Morre o ator e diretor Paulo José, astro da TV e do Cinema Novo
Com mais de 60 anos de carreira, o artista marcou a história da TV e do cinema, com atuações versáteis e brilhantes
Morreu nesta quarta-feira, 11, o ator Paulo José, aos 84 anos. Ele estava internado havia vinte dias e morreu em decorrência de uma pneumonia. Paulo sofria há 20 anos do Mal de Parkinson. Expoente do cinema e da TV, Paulo foi um prolífico ator e diretor, com dezenas de trabalhos que marcaram a história da dramaturgia nacional.
Paulo José Gómes de Souza nasceu em Lavras do Sul, no Rio Grande do Sul, em 20 de março de 1937. O contato com as artes começou cedo, ainda na escola. Nos anos 60, ele se mudou para São Paulo onde começou a trabalhar no Teatro de Arena. Sua primeira peça foi Testamento de um Cangaceiro, de Chico de Assis, em 1961.
Antes de se tornar uma figura carimbada na televisão, Paulo José se tornou um nome proeminente no cinema nacional, revelando-se uma importante peça para o desenvolvimento do aclamado Cinema Novo. Atuou em títulos como o romance Todas as Mulheres do Mundo (1966), de Domingos Oliveira; e estrelou o irônico Macunaíma (1969), dirigido por Joaquim Pedro de Andrade.
Ao longo de 60 anos de carreira, Paulo José somou em seu currículo mais de vinte novelas e minisséries da Globo, trabalhando não só como ator, mas também como diretor. Sua estreia na emissora foi no elenco do folhetim Véu de Noiva, de Janete Clair, em 1969. Nos anos seguintes, ele se notabilizou pelo personagem Shazan, um mecânico que formava dupla com Xerife (interpretado por Flávio Migliaccio), na novela O Primeiro Amor, de 1972, de Walther Negrão. O personagem fez tanto sucesso que ganhou o seriado Shazan, Xerife e Cia, que foi ao ar entre 1972 e 1974. Durante a carreira, ele interpretou outros papéis de destaque, como Jairom, um comerciante cigano em Explode Coração (1995), de Gloria Perez, e o alcoólatra Orestes, em Por Amor (1997), de Manoel Carlos. Foi na década de 70 que ele passou a se arriscar no posto de diretor. Dirigiu peças de teatro e minisséries, como Agosto (1993) e Memorial de Maria Moura (1994).
Em comunicado, a TV Globo prestou uma homenagem ao ator: “Um dos maiores nomes da nossa dramaturgia, como ator e diretor, e também dono de uma voz marcante, Paulo José é daqueles artistas de quem o público sempre se sentiu próximo. Nas últimas décadas, entrou em nossas casas por meio de uma infinidade de personagens que ficam, assim como ele, para a história”.
Paulo José, Leandra Leal e Eliane Giardini na novela ‘Explode Coração’ -No início dos anos 2000, o ator foi diagnosticado com o Mal de Parkinson. A doença, no entanto, não o impediu de continuar trabalhando. No cinema, atuou em O Palhaço (2011), de Selton Mello. No longa-metragem, ele interpretava o seu Valdemar, pai de Benjamim (Selton Mello). Juntos, eles trabalham num circo mambembe quando Benjamim decide abandonar a vida artística. O longa foi sua despedida do cinema. Na TV, seu último trabalho foi a novela Em Família (2014), de Manoel Carlos, em que interpretou um personagem que, assim como ele, sofria de Parkinson. Em 2018, sua história foi contada no documentário Todos os Paulos do Mundo, dos diretores Gustavo Ribeiro e Rodrigo de Oliveira.
O artista deixa a esposa, Kika Lopes, e quatro filhos.