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Morre Ismail Kadaré, escritor que colocou a Albânia no mapa da literatura

Autos de 88 anos produziu obras que criticavam autoritarismo comunista por meio de alegorias, como 'Abril Despedaçado' e 'O Palácio dos Sonhos'

Por Amanda Capuano 1 jul 2024, 14h27

Morreu nessa segunda-feira, 1º, aos 88 anos, o escritor albanês Ismail Kadaré, responsável por colocar o país dos Bálcãs no mapa da literatura mundial. A morte foi confirmada por Bujar Hudhri, chefe da Onufri Publishing House, que publica suas obras na Albânia. Segundo a organização, Kadaré sofreu uma parada cardíaca em sua casa em Tirana, capital da sua terra natal. Ele foi levado para um hospital da região, mas não resistiu ao ataque.

Quem foi Ismail Kadaré?

Kadaré alcançou fama internacional em 1970, quando seu primeiro romance, O General do Exército Morto (Objetiva), foi traduzido para o francês, caindo nas graças da crítica europeia. O desempenho abriu as portas do mundo para o escritor albanês, que se consolidou com obras sombrias e alegóricas sobre o autoritarismo do país: durante as três primeiras décadas de sua carreira, ele viveu e escreveu na Albânia, na época sob o domínio do ditador socialista Enver Hoxha (1908-1985).

Para escapar da perseguição, Kadaré manteve uma dualidade política ao longo da vida: serviu por 12 anos como deputado na Assembleia Popular da Albânia, foi membro do Sindicato dos Escritores do regime, e um de seus romances, O Grande Inverno (1977), era um retrato favorável do ditador. Mais tarde, ele diria que a obra fora uma espécie de suborno contra a perseguição do regime, que lhe dava três opções: “seguir suas crenças, o que significava a morte; silêncio completo, que era outro tipo de morte; ou pagar um suborno”, declarou certa vez sobre  a obra. 

Em contraste, várias de suas obras, como Abril Despedaçado (1978) e O Palácio dos Sonhos (1981), atacavam a ditadura, contornando a censura por meio de alegorias, sátiras, mitos e lendas — ele chegou, inclusive, a ser banido para uma vila remota e impedido de publicar por um tempo depois de escrever um poema, em 1975, crítico ao regime. Sua carreira literária durou cinquenta anos, tempo no qual foi constantemente comparado a autores como Franz Kafka (1883-1924), Milan Kundera (1929-2023) e George Orwell (1903-1950).

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