Morre Dalton Trevisan, autor de ‘O Vampiro de Curitiba’, aos 99 anos
Brasileiro ficou conhecido por sua escrita afiada e enxuta em contos psicológicos e eróticos
Exímio contista e nome indelével da literatura brasileira, o autor Dalton Trevisan morreu nesta segunda-feira, 9, aos 99 anos, divulgou a família do escritor nas redes sociais. A causa da morte não foi revelada. “Todo vampiro é imortal. Ou, ao menos, seu legado é”, diz a publicação com a notícia publicada no Instagram.
Nascido em Curitiba, no dia 14 de junho de 1925, Dalton Jérson Trevisan começou a vida profissional como advogado antes de se enveredar de vez para a escrita. Entre seus textos mais famosos está O Vampiro de Curitiba (1965), título que se tornou seu apelido. No livro que reúne quinze contos, o protagonista de todos os textos é Nelsinho, o “vampiro” do título. Viciado em sexo, ele busca vítimas pelas ruas de Curitiba, enquanto o autor descreve de forma minuciosa, indiscreta e perversa a decadência local, mas, principalmente, a humana.
Na década de 1940, Trevisan começou a publicar seus textos na revista em folhetos Joaquim, na qual também reunia a produção literária de colegas brasileiros, como Antonio Cândido, e traduções de autores internacionais renomados. Sem pudores vazios e com uma escrita vibrante, Trevisan assinou mais de 700 contos inspirado em pessoas comuns da cidade, misturando dramas cotidianos com tramas psicológicas. Seu primeiro livro com textos de ficção — ao menos o que ele aceitava como primeiro, já que renegou obras antigas — Novelas Nada Exemplares (1959) foi premiado com o Jabuti. Vieram e seguida títulos como Morte na Praça (1964), Cemitério de Elefantes (1964), A Guerra Conjugal (1969), Crimes da Paixão (1978) e Lincha Tarado (1980). Se único romance, A Polaquinha, saiu em 1985, e conta a história de uma jovem prostituta constantemente vítima do machismo.