Gilberto Braga, autor de ‘Vale Tudo’ e ‘Dancin’ Days’, morre aos 75 anos
O noveleiro sofria da doença de Alzheimer e estava internado no Hospital Copa Star, no Rio de Janeiro
Gilberto Braga, um dos mais importantes autores de novelas brasileiro, morreu aos 75 anos, na noite desta terça-feira, 26. Ele sofria da doença de Alzheimer e estava internado há algumas semanas no hospital Copa Star, no Rio de Janeiro. Nos últimos dias, ele lutava contra uma infecção e não resistiu as complicações. A informação foi confirmada por amigos próximos dele.
Braga começou a carreira em 1972 e logo se transformou em um dos principais nomes da teledramaturgia da TV Globo. Um de seus primeiros sucessos foi a novela Dancin’ Days, que marcou a discoteca no país e abusava em seu roteiro do sarcasmo para abordar temas sobre a classe média e as elites das grandes cidades. A novela contou com a participação de astros como Sônia Braga e Antônio Fagundes.
Com suas novelas, Gilberto Braga se transformou em um grande e ácido crítico social, expondo as hipocrisias das altas rodas da sociedade. Foi assim, por exemplo, com Vale Tudo, em 1988, seu maior sucesso. A novela popularizou no país o gênero whodunit (quem matou) com o mistério da morte de Odete Roitman (interpretada por Beatriz Segall), a vilã absoluta das novelas. O último capítulo, até hoje, é a maior audiência da história das novelas, com 86% dos televisores ligados no canal.
Em sua prolífica carreira, ele aprimorou o gênero do “quem matou?”, em tramas como Água Viva, de 1980 (quem matou Miguel Fragonard?), em Labirinto, de 1998 (quem matou Otacílio Martins França?), em Força de Um Desejo, de 1999 (quem matou o Barão Henrique Sobral?), em Celebridade, de 2003 (quem matou Lineu Vasconcelos?), em 2007, com Paraíso Tropical (quem matou Taís Grimaldi?), em 2011, com Insensato Coração (quem matou Norma Pimentel?) e, finalmente, em 2015, com a sua última novela, Babilônia (quem matou Murilo?). Com a novela Paraíso Tropical, considerado seu último grande trabalho, que tinha no elenco Wagner Moura e Camila Pitanga, ele foi premiado com o Emmy de Melhor Novela.
Braga também escreveu memoráveis séries de TV, como Anos Rebeldes (1991), que abordava a época da ditadura militar, mas fazia eco às reivindicações dos brasileiros que foram às ruas pedir o impeachment do presidente Fernando Collor. Ele também fez uma das mais importantes adaptações para a TV da obra do escritor Eça de Queiroz, com a minissérie O Primo Basílio (1988), abordando a cultura portuguesa com maestria.
Era casado com o decorador Edgar Moura Brasil.