Matt Damon fica minúsculo em ‘Pequena Grande Vida’
Em sátira sobre consumismo e meio ambiente, de Alexander Payne, o ator faz rir e emociona ao passar por um processo de miniaturização
Pequena Grande Vida, novo filme de Alexander Payne apresentado no Festival de Toronto, tem uma ideia para fazer todo o mundo viver melhor e impactar menos o meio ambiente: encolher as pessoas. Cansados de ficar mais apertados com dinheiro do que gostariam, Paul Safranek (Matt Damon) e sua mulher Audrey (Kristen Wiig) resolvem passar pelo processo. Mas nem tudo sai como esperado nesta sátira, e Paul logo se vê sozinho na cidade perfeita onde diamantes custam uma pechincha.
Solitário, o bom moço acaba ficando amigo do vizinho de cima, o bon vivant Dusan (Christoph Waltz, na mesma nota de sempre). Mas quem vai mudar mesmo sua vida é Ngoc Lan Tran (Hong Chau, ótima), que foi miniaturizada à força no Vietnã e a única sobrevivente de um contrabando numa caixa de televisão em que perdeu parte da perna. É ela que mostra que a vida boa dos miniaturizados não vem sem custo: depois de ser tratada como heroína, hoje Ngoc trabalha como faxineira e mora com outros na mesma situação num edifício fora dos limites da cidade, sem nenhum dos luxos encontrados na área onde Paul mora.
É curioso ver Payne, um diretor conhecido pelos dramas cômicos humanistas, trabalhar com efeitos especiais. O processo em si é engraçadíssimo: quem não se divertiria vendo Matt Damon, que já passou por mil e uma na tela, raspar cabeça e sobrancelhas e depois ficar tão pequenininho a ponto de ser recolhido com uma espátula? O diretor fala de consumismo, capitalismo e da destruição do meio ambiente de forma esperta e emocionante, mas às vezes se perde um pouco na imensidão de tudo o que deseja falar. Mas, no fim das contas, diz Pequena Grande Vida, tudo o que vale mesmo é a conexão entre seres humanos.