Marcelo: ‘Eu era o mais criativo do MasterChef Profissionais’
Cozinheiro ainda bateu nos espectadores que o acusam de machismo: 'Essas mulheres se inferiorizam'
Quem assistiu à final do MasterChef Profissionais, mais um derivado da franquia de reality shows mais bem sucedida da Band, ficou com a impressão — nítida, diga-se de passagem — de que o paulista Marcelo Verde não reagiu nada bem à derrota para Dayse Paparoto, a mais nova campeã do formato. Marcelo não fez a linha do bom perdedor, que parabeniza e festeja a vitória do rival. Embora se recuse a comentar o episódio final da temporada, o paulista diz que ele e Dayse são “super amigos”.
E que não é machista, como boa parte do público insinuou nas redes sociais. “As mulheres que estão falando que eu fui machista são machistas, porque elas estão se fazendo de vítimas, de coitadinhas. E, infelizmente, brasileiro adora um pobre coitado.” Confira a conversa com Marcelo Verde:
Ficou decepcionado com o resultado? Bom, esse é um assunto que eu não queria comentar.
Como é sua relação com a Dayse? Minha relação com ela é maravilhosa, temos feito eventos juntos. Não tenho nada contra a Dayse, ela cozinhou e estava competindo também. Infelizmente, fizeram a situação do machismo correr e isso não existia. Mas eu e a Dayse somos super amigos, temos um contato super interessante, fizemos eventos juntos.
Então acha que o público exagerou na questão do machismo? O machismo está no mundo inteiro. A gente vive em uma sociedade extremista, o povo ou é de esquerda ou de direita, não há sensibilidade para entender que é um reality show, uma competição. O machismo está presente o tempo inteiro na vida de todo mundo, não é um programa de televisão que vai mudar o que infelizmente acontece no mundo.
Houve situações machistas no programa? Nem a Dayse viu machismo em nenhum ponto. Ontem a gente gravou A Reunião e ela não concorda com o machismo que a imprensa colocou.
Parte do público passou a te chamar de arrogante. O que acha disso? Acho que é o que eu falei, a gente vive em uma sociedade extremista e as pessoas não têm a flexibilidade para entender o que é real e o que não é real. As pessoas têm que entender que aquilo era uma competição, que todo mundo queria ganhar. O que eu sempre quis trazer foi a minha gastronomia. Esse era meu objetivo, não mostrar meu lado humanista, porque, se fosse para falar do meu lado humano, eu estaria em outro reality show, não em um programa de comida.
Você ficou mais confiante depois que passou a ser bastante elogiado pelos jurados, principalmente pela Paola? Não, o que me deu confiança foram os meus acertos no decorrer do programa. Eu era o mais criativo, o que mais trouxe novidades gastronômicas para os espectadores do país. É isso o que me traz felicidade, mostrar o meu trabalho, independentemente de ter ganhado ou não.
Você também foi chamado de machista pelo público. O que acha disso? Eu não vi machismo em nenhuma colocação minha. Talvez outros participantes tenham sido, mas eu não. Eu apenas tive uma escolha de querer favorecer um amigo na competição, que era o Dário, uma pessoa pela qual eu tenho consideração e respeito. A escolha que eu fiz na prova da carne, de passar uma carne difícil para a Dayse, foi criticada pelas femininistas, mas isso só fez com que elas se inferiorizassem, porque faz parecer que mulher é fraca e não aguenta um desafio maior. A carne eu escolhi porque eu queria derrubar um adversário, independentemente de ser homem ou mulher. A escolhida foi a Dayse, naquele caso. As mulheres que estão falando que eu fui machista é que são machistas, porque elas estão se fazendo de vítimas, de coitadinhas. E, infelizmente, brasileiro adora um pobre coitado. Então, as pessoas que gostam do próprio trabalho e do próprio talento são vistas como arrogantes. Isso acontece muito no país. Arrogante é a pessoa que é estúpida com o próximo. E eu nunca fui desrespeitoso, nunca pisei em cima de ninguém para conseguir meus objetivos na vida.
Depois do programa, o âncora do Jornal da Noite, Fábio Pannunzio, falou que a vitória da Dayse mostrou que “lugar da mulher é na cozinha”. O que achou dessa colocação? O comentário foi desnecessário porque a gastronomia, em vez de se levantar, vai ser prejudicada. Com certeza, um monte de chef de cozinha não vai mais contratar mulher para trabalhar por causa dessa questão do machismo na TV. Como uma pessoa vai contratar uma mulher, com medo de ela mesma falar que é fraca? Isso só acaba com o feminismo.
Mas o feminismo não é uma maneira de mostrar que as mulheres não são fracas? Exatamente, então não se faça de inferior. Quando as pessoas se vitimizam, elas próprias acabam com o feminismo delas. Tenho três mulheres em casa, as três são feministas e nenhuma faz isso. Algumas mulheres se rebaixam para tentar mostrar o valor do feminismo. O valor da mulher não se dá pelo rebaixamento que elas próprias estão se dando, mas sim pela vontade de querer ser igual a qualquer um.
Houve vitimismo entre as participantes do programa? Não, nem um pouco. As pessoas tinham que ter cuidado ao abordar um tema como esse. Não dá para querer ficar jogando essa questão do machismo em um mundo em que mais da metade da população está revoltada com o governo e com tantas outras situações. Principalmente a imprensa, o jornal, a TV, elas têm que ter essa colocação, porque a gente vive em um país de revolta. A gente está vivendo em um país cuja política está sendo acabada, a gente não tem presidente da república, a gente não tem ninguém. As pessoas têm que ter mais consciência do que falam, têm que entender que aquilo é um programa. Talvez algumas palavras de alguns participantes tenham sido pesadas, ok, mas quem é quem para julgar? Ninguém é Deus para julgar nessa vida.
Quais são seus planos para o futuro? Estou para abrir uma hamburgueria em Alphaville em sociedade. Eu vou assinar todo o cardápio, a gente está terminando de finalizar alguns detalhes do salão, da estrutura do lugar. Vai se chamar Pittsburger, é uma lanchonete com uns conceitos diferentes, vou usar creme de tutano, pele de frango. Vou tentar trazer um hambúrguer diferenciado para a região de Alphaville. Estamos com a expectativa de abrir nos primeiros dias de janeiro. Estou também com o projeto de abrir um bar gastronômico, que sempre foi o meu sonho e o meu foco. Se eu ganhasse o prêmio, eu usaria para abrir um restaurante, não para quitar um apartamento, mas enfim… Nosso país é carente de cultura e gastronomia e eu sempre quis levar isso para as pessoas, porque elas merecem.
Como vai ser seu bar gastronômico? Vai ser uma cozinha mais artística, com uma proposta de sensibilidade de a pessoa poder lamber um prato de chocolate, quebrar um ovo que vai entrar no steak tartare. Não é só gastronomia, encher a barriga, vai ter aspectos visuais e sonoros. Eu quero trazer uma gastronomia artística. Estou conversando com investidores para tentar tirar essa ideia do papel.
O projeto da hamburgueria surgiu ao longo do programa ou você já estava tocando antes? Foi ao longo do programa. Foi a visibilidade que o programa me deu que me colocou em contato com alguns empresários para esse projeto e também para o do bar gastronômico.
Então, você não se arrepende de ter participado do programa? De jeito nenhum, minha intenção sempre foi mostrar gastronomia, a minha arte. Eu sabia que tinha essa lado humano, porque isso sempre aparece em reality show, mas meu objetivo sempre foi mostrar gastronomia, não a minha pessoa. Quando alguém vai comer em um restaurante, ele não quer saber se o cozinheiro é homossexual, se tem problema na família, se bate em mulher, quer saber da comida na mesa. Ninguém vê o lado humano da história quando a gente está em uma cozinha profissional.
Qual o papel de um programa como o MasterChef? É mostrar gastronomia, acima de tudo. Se você pega o MasterChef da Austrália, nos Estados Unidos, que são programas de alta repercussão no mundo, eles mostram a gastronomia e dificilmente mostram o lado humano. De fato, é nisso que as pessoas deveriam estar interessadas, se elas querem ver o lado humano deveriam procurar outro reality show. O público aqui do Brasil é que tem essa coisa de olhar as pessoas, não a comida.
Você apresentaria A Prévia? Sim, se tivesse algum contato da Band para fazer A Prévia, eu faria, com certeza. Até para mudar a minha imagem, mostrar para o povo brasileiro que eu não sou machista e arrogante como as pessoas pensam que eu sou.