Luciana Gimenez, a empregados na cozinha: ‘Bagunça na senzala’
Brincadeira de mau gosto aconteceu durante uma confraternização da apresentadora com pelo menos 7 funcionários
Luciana Gimenez entrou na mira do Coletivo Sistema Negro, de defesa da igualdade racial, depois de cometer um deslize ao confraternizar com seus empregados no dia da festa de 18 anos do filho, Lucas Jagger. Em um vídeo publicado no Instagram — e já fora do ar –, a apresentadora da RedeTV! chega à cozinha e dispara, “Tá rolando uma bagunça aqui na senzala, é?”. Na sequência, pode-se contar sete funcionários na ampla cozinha de Luciana, que é casada com o dono da emissora onde trabalha, o empresário e também apresentador Marcelo de Carvalho.
Para o Coletivo Sistema Negro, que recuperou o vídeo e o publicou em seu perfil no Facebook, o caso é de racismo. “Enquanto isso, no #PaísdaHerançaEscravocrata, vemos pessoas públicas usando irresponsavelmente termos que remetem a um período desumano e violento para nós, negros e negras”, diz texto publicado pelo grupo juntamente com o vídeo.
“Luciana Gimenez – e qualquer outra pessoa não-negra, pública ou não pública: tenha mais responsabilidade social, histórica e cultural com o que fala, mesmo no momento de ‘descontração’. Senzala não é brincadeira. Senzala é violência, é dor, é o território específico da desumanização que por 4 séculos nós negros sofremos nesse país. Senzala é o lugar do abandono, da inivisibilidade”, continua o post, que pode ser conferido abaixo.
“Senzala é lugar do estupro das mulheres negras, da bestialização dos homens negros, do desmanche da família negra e da perpetuação do racismo nas instâncias mais subjetivas que ainda atingem o povo negro, como em sua afetividade. Senzala não é brincadeira. Escravidão não foi brincadeira. Palavras têm história, e a história dessa é uma só: Racismo. Respeite essa história. Respeite e entenda as marcas que ela ainda mantêm na nossa sociedade. Em suma, ‘meça suas palavras, parça’. Nosso lugar não é na Senzala. Nosso lugar vem do Quilombo!”
Crime
Apesar de entender o caso como de racismo, o Coletivo Sistema Negro não pretende levá-lo à Justiça — racismo, como se sabe, é crime. “A intenção é mostrar que é necessário ter cuidado com o valor que as palavras têm, em especial por ela ser uma pessoa pública”, diz nota do grupo enviada a VEJA. “Processo judicial não faz sentido nesse caso, pois além de ser gasto de tempo e dinheiro, não teria valor pedagógico.”
Procurada, a apresentadora Luciana Gimenez também não foi encontrada. Até o fechamento desta nota, a posição da assessoria de imprensa da apresentadora era a de que ela não se pronunciaria a respeito.