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Livro infantil acusado de machismo foi infelicidade, diz editora

‘Piadas sobre Meninas - Para os Meninos Lerem’ virou tema de controvérsia na internet. Livro foi recolhido e teve boa parte de suas cópias destruída

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jan 2017, 21h19 - Publicado em 4 jan 2017, 17h02

Com cerca de oitenta páginas, o livro infantil Piadas sobre Meninas  (para os Meninos Lerem ) se tornou motivo de uma longa discussão nas redes sociais. Acusado de machismo pelo teor de gosto duvidoso, a publicação traz textos curtos de humor que atacam as capacidades femininas. “Como o neurônio de uma menina morre? Sozinho”, ou “Por que a Estátua da Liberdade é mulher? Porque precisavam de uma cabeça oca para colocar o mirante” são algumas das anedotas narradas nas páginas do título, escrito sob o pseudônimo de Paul Hassada, um ghost writer.

Desde 2015, o livreto surge como tema de textos acalorados na internet quando um exemplar é encontrado, como aconteceu nesta semana — uma publicação no Facebook sobre ele foi compartilhada mais de 45.000 vezes em cerca de 24 horas. O “legado” do livro, contudo, é maior que seu tempo de vida oficial. Publicado em 2009 pela V&R Editoras como parte da coleção Risadinhas, a obra foi descontinuada pela empresa um ano depois — juntamente com sua versão contrária, um livro com piadas sobre meninos para meninas.

“Os dois livros foram uma infelicidade, uma ingenuidade”, diz Sevani Matos, diretora-geral da V&R. “É uma repercussão tardia, mas entendo a indignação. A editora deve, sim, se desculpar por ter publicado esse livro um dia, mas teve a boa-fé de tirá-lo do catálogo”.

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Capa do livro ‘Piadas sobre Meninas ( para os Meninos Lerem)’ (Reprodução/Divulgação)

Sob a luz da primeira polêmica, no ano passado, a V&R fez uma varredura nas livrarias e distribuidoras, pedindo pelos títulos ainda em estoque. Com tiragem de 6.000 exemplares e vendas pífias, o livro teve boa parte de suas cópias recolhida e destruída.

“É uma dinâmica complicada retirar todos os livros de circulação”, diz Sevani. “Algumas livrarias que não trabalham com consignação se recusaram a devolver títulos comprados, enquanto outras não têm sequer um sistema para isso. Logo, um livro ou outro pode ser encontrado de vez em quando”.

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Crianças machistas? Para Telma Vinha, professora de psicologia educacional da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), um livro sozinho, como o citado, não teria a capacidade de formar o pensamento de uma criança. “Outras interações e experiências são essenciais. A criança observa como a mãe é tratada em casa, quais os papéis desempenhados pelas mulheres na sociedade em que ela está. O livro não será determinante”, diz.

Telma sugere que episódios como esse deveriam ser vistos pelo lado positivo, em vez de desencadear apenas uma longa discussão on-line amparada no rigor do politicamente correto. “Esse tipo de material serve para que a gente problematize o tema com as crianças. O livro é ridículo, mas pode ser usado em uma conversa na escola, ou entre pais e filhos, para que a criança elabore a ideia por trás do texto. É o momento de ensinar princípios”, diz.

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Trecho do livro “Piadas sobre Meninas (para os Meninos Lerem)” (Reprodução)

 

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Trecho do livro “Piadas sobre Meninas (para os Meninos Lerem)” (Reprodução)

 

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Trecho do livro “Piadas sobre Meninas (para os Meninos Lerem)” (Divulgação)

 

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Trecho do livro “Piadas sobre Meninas (para os  Meninos Lerem)” (Reprodução)
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