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Krajcberg: quem é o profeta do Apocalipse verde que ganha mostra no Masp

Há uma estranha forma de beleza em obras que se valem de restos de plantas mortas e queimadas para denunciar a devastação

Por Marcelo Marthe Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 10 Maio 2025, 08h00

Assim como Monet, o polonês Frans Krajcberg (1921-2017) optou por uma vida de imersão na natureza. Enquanto o mestre francês se refugiou no seu jardim em Giverny, Krajcberg fez périplos pelas florestas brasileiras e se isolou nos anos 1970 num sítio no sul da Bahia. Mas as similaridades cessam aí. Na obra de Krajcberg, não há espaço para as cores otimistas de Monet: como demonstram as 57 criações da exposição Reencontrar a Árvore, que entra em cartaz no Masp na mesma sexta-feira 16, ele atinge uma estranha forma de beleza em obras que se valem de restos de plantas mortas e queimadas para denunciar a devastação — como a imponente Flor do Mangue, escultura de 8 metros de diâmetro que lembra uma aranha gigante feita de troncos.

ESTRANHA BELEZA - As criações do artista polonês: obras com vegetais queimados em grandes museus do mundo
ESTRANHA BELEZA - As criações do artista polonês: obras com vegetais queimados em grandes museus do mundo (Jaime Acioli/ Coleção Max Perlingeiro; Arquivo Marcia Barrozo do Amaral e Ruth Freihof/.)

Krajcberg preferia ser chamado de ativista do que artista plástico, por boas razões. “A natureza não é apenas um tema, mas a matéria da própria obra e uma causa de vida para o artista”, diz a curadora-­assistente Laura Cosendey. Suas visões de um apocalipse ecológico são, em boa medida, a extensão dos tormentos pessoais que ele viveu antes de chegar ao Brasil, nos anos 1950 — e que resumem os horrores do século XX. Judeu sobrevivente do Holocausto, Krajcberg viu sua família inteira ser assassinada pelos nazistas em campos de concentração. Após fugir das garras dos alemães, atuou na linha de frente da Segunda Guerra, como engenheiro do Exército soviético. Mais tarde, ao testemunhar de perto as queimadas no Pantanal e a derrubada da Floresta Amazônica, a conexão entre as tragédias provocadas pelo homem foi imediata em sua mente. Hoje, as obras de Krajcberg são valorizadas no mercado e estão na coleção de grandes museus mundiais, do MoMA de Nova York ao Pompidou, em Paris, sem jamais perder seu sentido essencial: o de serem imensos símbolos de um réquiem da natureza brasileira.

Publicado em VEJA de 9 de maio de 2025, edição nº 2943

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