Harry Potter: a prova de fogo do bruxinho
A ligação criativa de Rowling com a série provocou uma campanha feroz contra o elenco

Sorridente, o garoto exibe a inconfundível cicatriz em formato de raio na testa, porta óculos redondos e veste os trajes de estudante de Hogwarts. Sim, uma das figuras mais amadas da ficção juvenil está de volta. Na segunda 14, a HBO Max divulgou o primeiro vislumbre da nova encarnação de Harry Potter, que ficará a cargo do ator escocês Dominic McLaughlin, de 11 anos, na nova série baseada nos livros. Tirada no primeiro dia de filmagem, a foto causou óbvia comoção nos fãs — afinal, a saga já vendeu mais de 600 milhões de livros e arrecadou 7,7 bilhões de dólares nos cinemas. Mas deixou no ar, também, certa interrogação: a magia de Potter será capaz de dissipar a nuvem tóxica que paira sobre a franquia hoje? Os primeiros episódios chegam em 2027 e retomam seu universo após o último Animais Fantásticos, que sucumbiu em 2022 sob o peso de escândalos com Johnny Depp. Isso, porém, é fichinha perto das polêmicas em que a autora J.K. Rowling se envolveu por fazer sucessivas declarações contrárias aos direitos das pessoas transgênero, a ponto de ser acusada de transfobia. Quando uma decisão da Suprema Corte inglesa definiu que somente mulheres com comprovação biológica seriam reconhecidas pela lei como tal, comemorou com charuto e bebida. A ligação criativa de Rowling com a série provocou uma campanha feroz contra o elenco. Por enquanto, Harry Potter segue incólume: a controvérsia pouco afetou as vendas dos livros e de derivados como o jogo Hogwarts Legacy. Essa será a prova de fogo do bruxinho.
Publicado em VEJA de 18 de julho de 2025, edição nº 2953