Globeleza Valeria Valenssa: agora loira, evangélica e feminista
Ex-musa das vinhetas da Globo defende direito da mulher de ser sensual, mas recomenda cautela às meninas no Carnaval

De cabelos loiros e vestido amarelo, Valeria Valenssa vai ser o Sol — leia isso da maneira menos carnavalesca possível — do Camarote Club Arpoador, na Sapucaí, na primeira noite dos desfiles das escolas de samba do Rio. A representação astral marca a volta da ex (e também eterna) Globeleza ao Carnaval, depois de dois filhos, um de 14 e outro de 15 anos, mesmo período que passou afastada da festa. Agora evangélica, mas com um discurso alinhado com o feminismo em voga, Valeria Valenssa, 46, retorna acompanhada do marido, o designer alemão Hans Donner, 69, que assinou uma série de vinhetas na Globo e é o responsável pela identidade visual do camarote carioca. Nessa volta, que incluiu o baile de Carnaval do Copacabana Palace, ela só não aceitou nenhum convite — diz que foram seis — para desfilar na avenida.
O que acha da nova fase das vinhetas de Carnaval da Globo, sem a mulata Globeleza desnuda? Eu particularmente acho que estamos vivendo um momento de empoderamento e temos direito de ir e vir, a forma de nos vestir não dá direito a ninguém de nos tocar. Eu fui Globeleza por catorze anos e nunca houve qualquer tipo de desrespeito comigo.

Sobre a vinheta, acho que ela (a Globeleza) poderia ter começado pintada e a pintura ir virando roupas da nossa cultura. Só não acho que deveria perder a ideia de uma pintura. Fui muito feliz sendo Globeleza e desejo muita felicidade para todas as meninas que viveram isso.
Em tempos de feminismo forte, a mulher deve sair mais vestida ou com pouca roupa no Carnaval? Ela deve sair como se sentir feliz. O fato de ser pintura, pouca roupa ou toda tampada não dá direito a ninguém de abusá-la.
Vale sensualizar? Por que não? O Brasil é um país tropical, e a sensualidade faz parte de nós, mulheres brasileiras. Se a mulher achar que vale a pena um dia ser mais sensual do que normalmente é, essa é uma opção dela. O importante é sempre se respeitar.
Que conselhos dá às meninas que vão pular Carnaval? Se amem, se respeitem e façam tudo com cautela. Sejam felizes, pois tudo isso passa muito rápido. Estamos nessa vida de passagem.
Sua conversão religiosa mudou de alguma forma a maneira como encara o Carnaval? O Carnaval hoje para mim é estar ao lado da minha família, dos meus filhos e amigos. Acho o nosso Carnaval muito profissional, muita gente bonita e talvez um dos eventos mais belos do mundo. Já vivi muito isso, hoje vivo outro momento. Vou estar este ano no Carnaval primeiramente por culpa do trabalho do meu marido e depois por estar no mesmo lugar que ele e fazendo uma participação. Vou representar o Sol no Camarote Club Arpoador.
Sente saudade dos tempos em que reinava no Carnaval da Globo? Eu guardo todos esses momentos no meu coração. Agradeço a Globo pela oportunidade. Mas acho importante saber a hora de parar, estamos em outros tempos, de um padrão de beleza muito exigente.
