Gilberto Gil: ‘Brasileiro sente o fastio do governo em relação à cultura’
Em lançamento da campanha de Natal da Natura, cantor e compositor disse esperar que política pública de cultura volte a ser prestigiada no país

Em 2022, Gilberto Gil completou 80 anos de vida – e mais de 60 de carreira – a todo o vapor. A agenda do compositor, cantor e multi-instrumentista incluiu a turnê Nós, a Gente, pela Europa – a preparação para a tour resultou no aclamado documentário Em Casa com os Gil –, além de apresentações em festivais como o Rock in Rio, Coala e Rock the Mountain.
Na última quinta-feira, 17, Gil participou do lançamento da campanha de fim de ano da Natura, em São Paulo, ao lado da neta Flor (filha de Bela Gil) e da bisneta Sol de Maria (neta de Preta Gil), e falou sobre a relação da família com a música e com as festas de final de ano. A temática da campanha foi “afeto” e teve como repertório a canção Estrela, do álbum Quanta (1997), que foi regravada para o comercial com as herdeiras.
Questionado sobre os desejos para a cultura no Brasil a partir do próximo ano, o cantor, que ocupou o Ministério da Cultura entre 2003 e 2008, na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, classificou o governo Jair Bolsonaro como um “período de fastio” para a área e disse esperar que a política pública de cultura volte a ser prestigiada no país.
Nestas eleições, Gil e vários integrantes da família declararam apoio a Lula – a neta Flor, inclusive, chegou a participar de jingles da campanha petista. A mãe de Flor, a chef e apresentadora Bela Gil, foi recentemente nomeada para o núcleo de Desenvolvimento Social e Combate à Fome da equipe de transição do governo eleito. Integram o grupo, ainda, a ex-presidenciável Simone Tebet (MDB) e a ex-ministra Tereza Campello.
Leia abaixo declaração de Gil em entrevista:
“Estamos vindo de um período de um certo fastio por parte da institucionalidade cultural brasileira, em relação à cultura. A importância da cultura, os elementos da cultura, as várias linguagens, o pluralismo natural que tem um país imenso como o Brasil, com tantas origens, tantas vias de formação. O descuido que ele caracterizou em relação a tudo isso (…). O próprio grande público brasileiro percebeu esse fastio do governo em relação à cultura. Eu espero que o apetite seja renovado. Apetite no sentido pela vida cultural brasileira, todo o interesse, todo o chamamento, todos os agentes criadores, produtores, e que haja abrigo de novo na institucionalidade cultural brasileira. Que haja abrigo seguro para isso. [Que haja] Espaços restaurados, no país inteiro. Obviamente a gente tem uma vida cultural autônoma, que é propiciada pelos próprios indivíduos em suas relações entre eles. Resumindo, eu quero que a política pública de cultura volte a ser prestigiada no Brasil”.