Francisco Weffort, ex-ministro da Cultura de FHC, morre aos 84 anos
Um dos fundadores do PT, o cientista político deixou o partido em 1994 para integrar o governo do tucano Fernando Henrique Cardoso

O cientista político e ex-ministro da Cultura Francisco Weffort morreu na noite deste domingo, 1º, no Rio de Janeiro, aos 84 anos, em decorrência de um infarto do miocárdio. Ele estava internado no hospital Casa de Saúde São José.
Formado em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP), Weffort participou da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT), no qual ocupou o cargo de secretário-geral. Ele também participou ativamente da campanha das Diretas Já e pelo fim da ditadura militar. Em 1986, se candidatou a deputado constituinte, mas não foi eleito.
Filiado ao PT até 1994, ele deixou o partido para assumir o cargo de ministro no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) entre os anos de 1995 e 2002. Na pasta, defendeu o aumento do orçamento da Cultura e fez alterações na Lei Rouanet. Ele também implantou a Lei do Audiovisual, responsável por retomar a produção cinematográfica do Brasil.
Entre as mudanças propostas por Weffort na Lei Rouanet estavam o aumento do patamar de investimentos e a descentralização dos recursos aplicados, incentivando as empresas a investir fora do eixo Rio-São Paulo. Em 1995, o ator Guilherme Fontes conseguiu durante a gestão de Weffort a autorização para captar até 12 milhões de reais, o que se tornou um dos maiores orçamentos do cinema brasileiro, para a produção do filme Chatô – O Rei do Brasil.
Em entrevista a VEJA, em 2016, defendeu o impeachment de Dilma Rousseff. “Ela não tem nenhuma competência para a atividade política e detesta o contato com os outros políticos. Trata-se de uma administradora incompetente politicamente. Em segundo lugar, ela claramente mentiu sobre a política econômica”, disse.
Em 2016, Weffort quase foi eleito imortal da Academia Brasileira de Letras, mas a eleição terminou empatada com Antonio Cicero. Na segunda votação, ele não foi eleito. Weffort é dono de uma vasta produção bibliográfica. São de sua autoria as obras Formação do Pensamento Político Brasileiro, Por que Democracia e Qual Democracia? Seu último trabalho foi Crise da Democracia Representativa e Neopopulismo, escrito em parceria com o professor José Álvaro Moisés. Ele era casado com Helena Severo e deixa quatro filhas (Carolina, Helena, Cristina e Marina).