Filho conclui saga de Lucinda Riley, morta em 2021: ‘Era o que ela queria’
Primogênito da autora de sucesso , Harry Whittaker fala a VEJA sobre o processo de terminar a obra da mãe em meio ao luto

Em junho de 2021, a escritora Lucinda Riley morreu aos 55 anos, vítima de um câncer. Com mais de 40 milhões de livros vendidos em vida, ela deixou para o filho mais velho, Harry Whittaker, de 30 anos, uma última missão: completar a saga As Sete Irmãs (Arqueiro), sua série de maior sucesso. O sétimo livro, A Irmã Desaparecida, chegou às livrarias apenas três semanas antes da morte de Lucinda, e a autora já havia planejado o encerramento da história com Atlas: A História de Pa Salt, que tem como protagonista o pai das irmãs que conduzem a trama. Quando a mãe morreu. Harry assumiu a obra, atendendo ao pedido de Lucinda de que finalizasse o livro lançado globalmente em maio. Em entrevista a VEJA, o autor falou sobre o processo de escrita em meio ao luto. Confira a seguir:
Sua mãe morreu em 2021, e você escolheu seguir com o trabalho dela, finalizando seu último livro. Por que tomou essa decisão? Minha mãe pediu que eu terminasse a série. Por isso, não houve debate mental da minha parte. Se ela não tivesse pedido, seria diferente, porque eu teria de pensar em várias coisas. Mas era o que ela queria. Perto do Natal de 2018, ela passou por uma fase difícil. Estava muito doente, e naquele ano havíamos terminado de escrever um livro infantil juntos. Então, ele me chamou no quarto e disse que se ela morresse gostaria que eu terminasse a série por ela. Depois daquela conversa, não falamos mais sobre isso porque sabíamos o que fazer, mas nós dois acreditávamos que ela viveria para terminar a história.
E quando você começou a escrever Atlas? Em 2021. Foi um prazo muito apertado, porque precisava entregar até outubro de 2022 por causa da publicação global, em maio. Eu não podia atrasar nem uma semana, porque os tradutores precisavam do livro em mãos em outubro para que saísse tudo ao mesmo tempo. Atlas foi escrito na voz de Lucinda. Me esforcei muito para isso.

Muitas pessoas dizem que projetos ligados a entes queridos que se foram ajuda a lidar com o luto. Foi assim com você? Hoje, olhando em retrospecto, consigo dizer com clareza que sim. Sou muito grato por todo o processo porque, enquanto eu escrevia, me sentia mais próximo da minha mãe. Era como se ela estivesse em pé atrás do meu ombro escrevendo comigo. Então, ajudou muito na questão do luto. Quando terminei de escrever, percebi que foi um período difícil e o quanto eu sinto falta dela.
A série das sete irmãs tem uma temática feminina muito forte. Como um homem, foi difícil escrever sobre esta perspectiva? Sempre me perguntam isso. Mas a história de Atlas, em si, é contada a partir de uma perspectiva masculina e seria assim mesmo que fosse Lucinda escrevendo. Todas as irmãs estão no livro, é claro, mas essa foi a parte mais fácil da história porque elas são personagens que existem. Por dez anos, elas foram tão bem escritas pela minha mãe que dar voz a elas novamente foi uma das tarefas mais simples pra mim.

Sua mãe tinha muitos fãs, como tem sido a repercussão com eles? Quando escrevi o livro, não pensei nos leitores porque seria muita pressão, estava escrevendo apenas para ela. Duas semanas antes da publicação, fiquei nervoso com a repercussão porque a série é importante para muita gente. Mas tem sido incrível. Estou orgulhoso em nome da minha mãe que as pessoas consideram um bom final para a série dela. Me sinto muito sortudo.
Hoje em dia, sucessos da literatura costumam ganhar adaptações. Há planos nesse sentido para os livros de Lucinda? Sim, teremos uma adaptação em breve. Não posso revelar muito, mas estamos trabalhando duro há dois anos e agora o acordo está fechado e um anúncio deve ser feito em algumas semanas. Também ainda tenho três livros da Lucinda para editar e publicar. São histórias que ela escreveu sob o nome de Lucinda Edmonds nos anos 1990 e fez um pouco de sucesso no Reino Unido.