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Emma D’Arcy: “A série tem o DNA de Game of Thrones, mas é diferente”

De origem inglesa, protagonista de A Casa do Dragão fala sobre como seu gênero fluido se refletirá em Rhaenyra Targaryen

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 12h34 - Publicado em 12 ago 2022, 06h00

Sua conterrânea Emilia Clarke brilhou como Daenerys Targaryen em Game of Thrones. Como foi assumir o papel da ancestral de uma personagem tão popular, numa trama ambientada 200 anos antes? Sempre soube que haveria uma pressão e assumi essa responsabilidade. Foi instigante ver a trajetória de Daenerys para recuperar o trono e a sua relação com os dragões. Logo, entender a história dos Targaryen no auge do poder, antes do colapso, vem sendo um terreno muito fértil e gratificante de explorar.

A guerra dos sexos é parte intrínseca da saga, mas em A Casa do Dragão esse embate será mais forte, com sua personagem, uma mulher, tentando quebrar a tradição de homens no poder. Como vê essa abordagem do autor George R.R. Martin? O questionamento da série sobre o patriarcado foi o que mais me atraiu na trama. É um contexto no qual as mulheres eram associadas à passividade e à maternidade. Então, como superar esses rótulos? E se você é uma mulher em uma posição de poder, como convencer seu eleitorado, especialmente os homens, de que é capaz? Isso se relaciona com nosso mundo. Estamos em 2022 e ainda votamos em líderes homens.

Como pessoa não binária, você de alguma forma vê sua identidade de gênero refletida em Rhaenyra? Ela não é uma versão medieval de um não binário. Pois a não binariedade está ligada ao uso neutro da linguagem e à quebra de padrões de identidade. Mas Rhaenyra não se sente confortável em seu gênero, pois o poder que recai sobre ela é contestado pelo fato de ser uma mulher. Ela nota a dinâmica dos gêneros nas esferas de poder e a potência da masculinidade. Logo, deseja o mesmo reconhecimento genético dos homens.

Game of Thrones foi criticada pelas muitas cenas de estupro. A Casa do Dragão será parecida? Nossa série vai manter o DNA de Game of Thrones, mas é bem diferente. Uma prova é que a trama fala de duas protagonistas mulheres. O clima no entretenimento mudou de lá para cá. Temos coordenadores de intimidade (profissionais que coreografam cenas de sexo), por exemplo.

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Como foi gravar com os dragões? Lembro que eu cheguei ao set de mau humor e era dia de gravar com os dragões — no caso, robôs animatrônicos enormes. Me senti num parque de diversões. Foi a parte mais divertida do trabalho, pois pude soltar a imaginação. Na infância, minha mãe dirigia rápido por uma estrada com lombadas, e eu fingia que estava andando a cavalo. Foi quase a mesma coisa.

Publicado em VEJA de 17 de agosto de 2022, edição nº 2802

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