Em preto e branco, a Guerra Fria toma o Festival de Cannes
Filmes ‘Leto’ e ‘Cold War’ agitaram o terceiro dia do evento francês

Em tempos de polarização política, a Guerra Fria ganhou verniz durante o terceiro dia do Festival de Cannes 2018. Dois filmes vizinhos, um russo e outro polonês, ambientaram suas tramas durante o conflito — e, curiosamente, também compartilham uma fotografia em preto e branco. As diferenças nas tramas e no período específico eleito, contudo, separam as obras Leto (Verão, na tradução livre em português), do russo Kirill Serebrennikov, e Zimna Wojna (Guerra Fria, em português), de Pawel Pawlikowski.
Leto acompanha a vida da lenda do rock soviético Viktor Tsoi e sua influência no cenário cultural de Leningrado. Com uma trilha sonora forte, ancorada no rock underground de Lou Reed e David Bowie nos anos 1980, o longa fala sobre liberdade e amor de um jeito leve e repleto de sutilezas.
Aplaudido durante o festival, Leto chamou ainda mais a atenção pela ausência do diretor, em prisão domiciliar na Rússia. A equipe do filme fez um protesto no tapete vermelho em prol do cineasta, acusado de desvio de verba pública — o que ele refuta veementemente, apoiado pela comunidade artística do país, que vê a ação como uma retaliação do governo de Vladimir Putin.

Já Zimna Wojna vai ao inicio da Guerra Fria para contar uma história de amor de duas pessoas incompatíveis, de temperamentos e opiniões diferentes. A trama viaja por distintos cenários que ajudam a politizar a história, como a Polônia, Berlim, Iugoslávia e Paris. A protagonista, Zula (Joanna Kulig), aceita um trabalho em uma escola para promover uma melhor imagem da Polônia pós-guerra. Ela conhece o diretor musical, com quem se envolve, apesar de espioná-lo para o governo.
https://www.youtube.com/watch?v=pNiyJwK_BFo