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Em ‘Passageiros’, Chris Pratt e Lawrence são Adão e Eva do espaço

Até ceder às convenções do drama romântico, filme costura um enredo saboroso sobre um homem que, desesperado com a solidão espacial, ganha uma companheira 

Por Isabela Boscov
5 jan 2017, 08h43

O mecânico Jim Preston (Chris Pratt) acordou antes da hora: a nave em que ele viaja tem ainda umas tantas décadas de percurso até chegar ao planeta em que os 5 000 passageiros vão estabelecer uma nova e aprazível colônia, longe da poluição e superpopulação terrestres. Jim está perplexo. Ninguém mais foi despertado do estado de suspensão, e as holografias que orientam sua readaptação nada sabem informar sobre o erro. Como é um sujeito safo e lida bem com máquinas, Jim tenta de tudo. Lê manuais, manda mensagens, mexe na câmara de hibernação. Nada.

Tendo por companhia apenas o androide-barman Arthur (o inglês Michael Sheen, numa atuação espirituosa), Jim passa a se dedicar a uma empreitada titânica: não enlouquecer de tédio e solidão. Muda-se do seu quartinho para uma suíte grandiosa, come nos melhores restaurantes da nave, pratica basquete, dança, joga conversa fora no balcão de Arthur. Mas já parou de se barbear, tomar banho e trocar de roupa. A cada cena de Passageiros (Passengers, Estados Unidos, 2016), que estreia no país nesta quinta-feira, seu olhar está mais atarantado.

Não há como fazer segredo de que os créditos do filme incluem Jennifer Lawrence. Ou seja, em algum momento Jim ganhará a convivência alegre e inteligente — embora também ela perplexa — da jovem escritora Aurora Lane. Não convém esclarecer por quais meios esse acidente acontece. Mas é, sim, o caso de lamentar que as consequências do despertar de Aurora passem a ocupar todo o espaço (sem trocadilho): até aí, o diretor norueguês Morten Tyldum vinha costurando uma trama saborosa sobre a terrível contingência de ser um Adão. Sem a perspectiva de uma Eva, a nave tão perfeita não é um paraíso, ou o umbral de uma nova vida: é o mausoléu no qual Jim conta os dias até que a morte venha pôr fim ao seu inferno.

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Tyldum, que dirigiu também O Jogo da Imitação, aproveita para dar uma piscadela para as teorias sobre inteligência artificial do personagem daquele filme, o matemático inglês Alan Turing: como bom barman, Arthur é perito em ouvir e consolar. Seria um ótimo amigo, se pelo menos Jim não soubesse que ele não é real.

Calor não falta a Aurora, porém, e a dinâmica entre ela e Jim é outra das tiradas inteligentes do filme: não é por ela ter sido posta ali que desejará ser companheira do mecânico. Ele tem de conquistá-la — coisa que, até onde se sabe, Adão nunca teve de fazer com Eva. Aí, porém, Tyldum cede à tentação fácil do drama romântico. E Passageiros, em vez de chegar ao seu destino, se deixa engolir pelo buraco negro do roteiro hollywoodiano.

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