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Em 1941 Joe Simon criou o Capitão América, ‘o super-herói que os EUA esperavam’

Por Por Romain Raynaldy
21 jul 2011, 12h47

Era 1941 e o criador de histórias em quadrinhos Joe Simon queria colocar um rosto no patriotismo “ianque”: assim criou o “Capitão América”, um jovem do Brooklin transformado em super-herói e que representa “tudo o que faz com que os Estados Unidos sejam o melhor lugar do mundo para se viver”.

Agora, aos 97 anos, Joe Simon conta à AFP sobre o nascimento de um dos super-heróis americanos mais populares do viveiro da Marvel, objeto de uma adaptação ao cinema realizada por Joe Johnston e interpretada por Chris Evans que estreia nos Estados Unidos nesta sexta-feira, 22 de julho, e chega ao Brasil uma semana depois, no dia 29.

“Quando tinha oito anos, minha turma recebeu a visita de um ex-combatente da Guerra de Secessão”, lembrou. “O idoso apertou a mão de cada criança no local e disse: ‘Deem a mão a quem a estendeu a Abraham Lincoln’. Isto me marcou para o resto da minha vida e foi assim que empreendi a busca por um super-herói para os Estados Unidos”.

Em 1941 criou com Jack Kirby o personagem “Captain America” (Capitão América). “Representando-o como um de nós, um jovem do Brooklin – Nova York – que termina representando tudo o que faz com que os Estados Unidos sejam o melhor lugar do mundo para se viver”.

“Nossos pais eram alfaiates imigrantes, sempre fomos muito patriotas e penso que isto se fez notar em nosso trabalho”, acrescentou.

O componente político, embora tenha desaparecido com o passar dos anos, era muito forte nas primeiras aventuras do personagem.

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“Como o primeiro inimigo do Capitão América era Hitler, isso nos forçava nos anos 1940 a cultivar o lado político” das histórias, explicou. “Mas bastante curiosamente a maioria das aventuras que produzimos (mais à frente), Kirby e eu, não eram fundamentalmente patrióticas. Os heróis combatiam vilões e monstros.”

O Capitão América “foi criado para divertir, não era propaganda, embora isso não tenha impedido que os simpatizantes nazistas nos Estados Unidos nos criticassem”.

Joe Simon lembra aquela idade de ouro na qual os Estados Unidos, em um período de alguns anos, dotou-se através da história em quadrinhos de todos os super-heróis possíveis e imagináveis, inclusive até em excesso.

“A indústria das histórias em quadrinhos começou com o Superman e, quando os super-heróis começaram a ter sucesso, todas as editoras quiseram subir nesse trem”, disse. Mas, segundo ele, depois da Segunda Guerra Mundial muitos dos novos personagens não conseguiram mercado porque havia uma saturação de super-herois nas bancas.

Se os super-heróis ainda têm sucesso hoje em dia – em grande parte graças a sua exploração industrial no cinema – isso ocorre porque combinam “poder e diversão”, segundo Joe Simon. “Se você tem superpoderes, pode enfrentar o mundo que te rodeia”.

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“Capitão América é outra vez popular porque o mundo está em um lugar muito perigoso, e é um herói que pode nos ajudar a atravessar momentos difíceis”, disse.

Após a risível adaptação de seu herói, realizada em 1990, em um filme de baixo orçamento do americano Albert Pyun – frquentemente comparado a Ed Wood por sua grande contribuição à cultura da lorota -, Joe Simon se alegra de ver finalmente na grande tela um “Capitão América” mais parecido com sua criação original.

“Reconheço o personagem que Jack Kirby e eu criamos há 70 anos. Por um lado porque um filme ocorre durante a Segunda Guerra Mundial, mas sobretudo porque volta à história original”, observou.

“É um dos motivos pelos quais este filme se parece com o que esperei durante décadas. Já era a hora!”.

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