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Documentário celebra 50 anos de carreira de Paulo Cesar Pereio com depoimentos de desafetos

"Pereio, eu te odeio", dirigido pelo cartunista Allan Sieber, tem estreia prevista para 2011

Por Rodrigo Levino
6 set 2010, 19h35

“Isso não vai dar certo. Espera eu morrer, e aí começa a filmar”, recomendou o ator Paulo Cesar Pereio, 69, nascido Paulo Cesar de Campos Velho, quando o cartunista e roteirista Allan Sieber propôs um documentário sobre a sua vida, em 2001. Sieber insistiu, Pereio rebateu: “Tudo bem, mas não quero louvação”. E assim surgiu o documentário Pereio, eu te odeio, com lançamento previsto para 2011 com exibição em 3-D.

Não foi difícil encontrar personagens que tivessem ressalvas a fazer sobre o ator que desde os anos 1960 já trabalhou em mais de 100 filmes, do Cinema Novo à pornochanchada. Pereio – apelido que ganhou na infância – começou no teatro gaúcho, como Paulo José e Lilian Lemmertz, na década de 1950.

Pereio notabilizou-se pelo gênio difícil. Foi dirigido por Arnaldo Jabor, Hector Babenco, Glauber Rocha, Joaquim Pedro de Andrade e Ruy Guerra, em filmes como Terra em Transe (1967), Os Inconfidentes (1972) e Eu Te Amo (1981). Irônico e debochado, imprimiu marcas de sua personalidade nos personagens que interpretou, cravou bordões e se tornou uma figura folclórica entre atores, diretores e o público de cinema brasileiro.

Uns tantos o admiram, outros mais o odeiam. Como a diarista do ator: “Eu te odeio, Seu Pereio!”, brada. Mal-educado, grosseiro, insuportável, manipulador… é longa a lista de defeitos apontados no ator, que o amigo Hugo Carvana diz gostar “de trabalhar com a insegurança das pessoas”. Filhos, ex-mulheres e amigos tecem um rosário de críticas – e se resignam. “Pereio sabe que eu odeio corridas de Formula 1, mas não há um domingo que tenha corrida que ele não me ligue chamando para assistir. Ele é assim, um dia a gente acostuma, né?”, conta o quadrinista Rafael Grampá. Já Mario Bortolotto, dramaturgo, ator e parceiro de sinuca de Pereio, diz que por trás de tanta chatice existe “alguém afetuoso e cuidadoso com os amigos”.

Por falta de recursos, Sieber parou a produção do documentário por longos períodos, até que em 2009 Lara Velho, filha do ator e também sua diretora no programa Sem Frescura, um talk show apresentado por Pereio no Canal Brasil às terças-feiras, decidiu levar o trabalho adiante e encampou a produção. “Achei significativo, pois em 2010 ele completa 70 anos de vida e 50 de carreira”, diz Lara. Veja.com conversou com Sieber, o diretor. Leia trechos da entrevista:

Como surgiu o projeto do documentário?

Em 2000, escrevi o roteiro do curta de animação Os Idiotas Mesmo, em que Pereio fazia o papel dele mesmo. Nessa época ele morava no interior de Goiás. Foi quando nos aproximamos. Um ano depois a produtora Denise Garcia planejou o documentário e fomos lhe apresentar a idéia. E eu me dispus a dirigi-lo desde o início.

Como ele recebeu a idéia?

Fez uma ressalva: tinha de ser uma espécie de “anti-documentário”. Ou seja, um documentário onde as pessoas só falassem mal dele.

Houve dificuldades em acompanhá-lo ou colher os depoimentos?

Na verdade foi extremamente fácil. Ele nos deu uma lista de pessoas que poderiam falar mal dele. Algumas toparam, outras não. Algumas pessoas que odiavam Pereio profundamente não quiseram “botar uma azeitona na empada”. Já o convívio com os filhos foi ótimo. Eles são muito educados e gentis.

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Um dos entrevistados diz que Pereio tece muito bem um personagem que só ele controla. É verdade?

Dá para dizer que sim. Nos filmes em que ele atuou, é difícil saber quem é o Pereio, quem é o personagem.

Há um Pereio sociável?

Pereio é uma pessoa extremamente afetiva. O problema é que ele, com frequência, perde a paciência. Mas é um gentleman.

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