Datas: Robbie Coltrane, Jim Redmond e Dan Wieden
O ator de 'Harry Potter', o pai-herói olímpico e o criador do slogan imbatível
Entre os personagens adultos da saga Harry Potter no cinema nenhum é tão adorado pelas crianças quanto o meio gigante e meio humano Rúbeo Hagrid, sujeito de coração mole, amante dos animais, o guardião das chaves de Hogwarts. Quem deu vida a Hagrid foi o ator escocês Robbie Coltrane, nascido Anthony Robert McMillan, que adotou o nome artístico em homenagem ao saxofonista e compositor americano John Coltrane. Amante do jazz, ele bebia da variedade e da inventividade do estilo musical para compor suas interpretações, a um só tempo engraçadas e sisudas. Coltrane apareceu em todos os oito filmes da franquia. Dizia receber uma batelada de cartas de fãs, todos os dias, desde que apareceu nas telas.
No Reino Unido, antes de Harry Potter, ele já fazia sucesso — discreto, é verdade — como o psicólogo forense Fitz do seriado Cracker. Mas nada, e ninguém, escaparia da mágica do bruxo criado por J.K. Rowling, perfeitamente adaptado ao cinema. Um vídeo de Coltrane viralizou depois de sua morte, no qual ele diz o seguinte, como epitáfio: “O legado dos filmes é que a geração dos meus filhos vai mostrá-los aos filhos deles. Então, poderemos vê-los daqui a cinquenta anos. Infelizmente, não estarei mais aqui. Mas Hagrid estará”. Coltrane morreu em 14 de outubro, aos 72 anos, na Escócia.
Pai-herói olímpico
Depois de oito cirurgias no tendão de aquiles, o meio-fundista britânico Derek Redmond parecia pronto para correr os 400 metros nos Jogos Olímpicos de 1992, em Barcelona. Depois de atravessar as baterias iniciais, imaginava que a semifinal seria o atalho para uma medalha — um ano antes ele tinha feito parte da equipe de seu país que levara o ouro no mundial de atletismo nos 4 x 400 m. Mas então, na metade da prova, um estalo o fez trotar, urrando de dor. Já não podia correr. Seu pai, Jim Redmond, companheiro de todas as horas, saiu da arquibancada, invadiu a pista e ajudou o filho a atravessar os últimos 100 metros. Houve espanto e choro no Estádio Olímpico e mundo afora, pela televisão, numa das mais bonitas imagens do esporte de todos os tempos. A irmã do atleta, grávida, entrou em trabalho de parto ao ver pela TV a dramática cena. O pai-herói morreu em 2 de outubro, em Northampton, aos 81 anos, mas a notícia só foi divulgada na semana passada. As causas não foram reveladas.
O slogan imbatível
O mais conhecido slogan de uma marca — Just do it, da Nike, algo como “simplesmente faça” — foi criado pelo publicitário Dan Wieden a partir de uma situação insólita. Ele leu em jornais a derradeira frase de um criminoso condenado ao fuzilamento. Ao oferecimento de um pedido final, o homem respondeu a seus algozes: “Vamos fazer isso”, ou “let’s do it”. A adaptação resultaria na máxima que fez ainda mais famosa a grife de calçados esportivos. Wieden morreu em 30 de setembro, aos 77 anos, em Portland.
Publicado em VEJA de 26 de outubro de 2022, edição nº 2812