Datas: Monarco, Lina Wertmüller e Anne Rice
O baluarte do samba, a cineasta pioneira e a escritora

Ainda na infância, o carioca Hildemar Diniz ganharia o apelido que levaria pela vida como um dos reis do samba: Monarco. Em conversa com um amigo, na leitura dividida de um gibi, a palavra Mônaco ganhou um “r” e assim ficou. Em setenta anos de rica produção musical, o mais antigo membro da Velha Guarda da Portela viraria símbolo incontornável da Marquês de Sapucaí. Levante a mão quem não se emocionou com os versos iniciais de Passado de Glória — “Portela, eu às vezes meditando, quase acabo até chorando, que nem posso me lembrar / Seus livros têm tantas páginas belas” —, que servia de esquenta para os desfiles. Monarco morreu em 11 de dezembro, aos 88 anos, no Rio. Em seu enterro houve minutos de batucada ao som de seus clássicos e de outros compositores. A toada parou por instantes quando apareceram integrantes da Mangueira, evidente sinal de quão querido era o sambista, não importassem as cores. “Morreu um baluarte”, disse Paulinho da Viola, portelense histórico.
Pioneira em Hollywood

Eram imensas as ambições de quem começou como assistente de direção de Federico Fellini no clássico dos clássicos, 8½ — Oito e Meio (1963). E, de fato, a diretora italiana Lina Wertmüller foi longe. Em 1972, ela estreou no Festival de Cannes com o melancólico e simultaneamente engraçado Mimi, o Metalúrgico. Em 1977, com Pasqualino Sete Belezas ela seria indicada a um inédito Oscar de melhor direção, primazia entre mulheres. Não ergueu a estatueta — o prêmio ficaria com John G. Avildsen, por Rocky, um Lutador —, mas abriu uma nova avenida contra o machismo em Hollywood. Em 2019, ela ganharia uma estrela na Calçada da Fama. Lina morreu em Roma, em 9 de dezembro, aos 93 anos, de causas não reveladas pela família.
Sangue com sensualidade

Clarice Lispector leu e ficou espantada com a qualidade literária e a sensualidade associada ao terror dos personagens de Entrevista com o Vampiro, livro de 1976. Decidiu, então, traduzi-lo para o português. Com aquele volume, que viraria best-seller internacional, a escritora americana Anne Rice começaria a chamar atenção. O texto foi adaptado para o cinema em 1994 pelo diretor Neil Jordan, com um elenco estelar, formado por Tom Cruise, Kirsten Dunst, Brad Pitt, Christian Slater e Antonio Banderas. Anne faria outra dezena de livros com a mesma pegada, numa série intitulada As Crônicas Vampirescas, mas de sucesso restrito. Ela morreu em 11 de dezembro, aos 80 anos, de complicações de um AVC.
+ Clique aqui para comprar o livro Entrevista com Vampiro
Publicado em VEJA de 22 de dezembro de 2021, edição nº 2769
*As vendas realizadas através dos links neste conteúdo podem render algum tipo de remuneração para a Editora Abril