Datas: Francisco Weffort, Alicinha Cavalcanti e José Ramos Tinhorão
O ex-ministro da Cultura, a promoter e o crítico musical

Um dos principais intelectuais brasileiros, Francisco Weffort deixou como legado notáveis análises sobre a força da democracia e o perigo do populismo, além de contribuir para o fomento da cultura no país. Fundador do Partido dos Trabalhadores, o cientista político deixou a legenda em 1994 para assumir o Ministério da Cultura no governo de Fernando Henrique Cardoso. À frente da pasta de 1995 a 2002, lutou pelo aumento do orçamento, fez ajustes na Lei Rouanet e implantou a Lei do Audiovisual.
Em 2016, em entrevista às Páginas Amarelas de VEJA, defendeu o impeachment da presidente Dilma Rousseff, chamando-a de “politicamente incompetente” e dizendo que ela havia mentido sobre sua política econômica. Foi, naturalmente, atacado pelos ex-companheiros do PT.
Formado em ciências sociais pela Universidade de São Paulo (USP), Weffort, sempre muito claro e objetivo, deixou relevante produção bibliográfica sobre a estruturação da política no Brasil. São dele os livros Formação do Pensamento Político Brasileiro, Por que Democracia? e Qual Democracia? Seu último trabalho foi Crise da Democracia Representativa e Neopopulismo no Brasil, em parceria com o professor José Álvaro Moisés. Morreu no Rio de Janeiro, em 1º de agosto, aos 84 anos, vítima de infarto.
A dama da noite

Quem frequentou as noites de São Paulo e do Rio em algum momento entre os anos 1980 e 2000 certamente ouviu o nome de Alice Regina Alves Cavalcanti, conhecida nas rodas festivas como Alicinha Cavalcanti. Ela foi durante muito tempo a promoter mais conhecida do Brasil. O empresário José Victor Oliva a descobriu após deixar que Alicinha comemorasse o aniversário de 20 anos em uma de suas casas noturnas. Ao ver a multidão atraída para a festa, Oliva teve a ideia de convidá-la para atuar no ramo. Alicinha morreu em São Paulo, aos 58 anos, em 2 de agosto, vítima de duas doenças degenerativas: a esclerose lateral amiotrófica (ELA) e a afasia progressiva primária (APP).
Crítico mordaz

José Ramos era o nome completo. Tinhorão foi anexado por um de seus chefes no Diário Carioca, nos anos 1950. O apelido, que foi devidamente adotado, remete a uma planta ornamental e venenosa. Um dos mais respeitados pesquisadores da música brasileira, José Ramos Tinhorão também foi crítico e, mais do que peçonhento, era de uma rigidez implacável. Não passaram pelo seu crivo movimentos inteiros, como a bossa nova e a tropicália. Trabalhou ainda na TV Globo, no Jornal do Brasil e em VEJA. Deixou uma obra referencial, com títulos como Os Sons dos Negros no Brasil, História Social da Música Popular Brasileira e Pequena História da Música Popular. Morreu em São Paulo, em 3 de agosto, aos 93 anos , de pneumonia.
Publicado em VEJA de 11 de agosto de 2021, edição nº 2750