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Carta ao Leitor: Dentro e fora dos palcos

Para antecipar o que os brasileiros poderão conferir de perto, VEJA esteve em Buenos Aires na apresentação do furacão Taylor Swift

Por Da Redação Atualizado em 4 jun 2024, 09h58 - Publicado em 17 nov 2023, 06h00

Em meados dos anos 50, o primeiro grande ícone da idolatria juvenil, Elvis Presley, cruzava os Estados Unidos muitas vezes dirigindo o próprio Cadillac, com o contrabaixo da banda de apoio preso ao teto do carro. Nos shows, mal se ouvia a voz do cantor e dos instrumentos, tamanha a gritaria da plateia. O próprio empresário do cantor corria o público para vender fotos autografadas de Elvis a fim de engrossar os rendimentos. Assim eram os tempos jurássicos da indústria pop, mas estavam ali presentes os pilares fundamentais do negócio, do circo das turnês ao merchandising. Desde então, essas engrenagens foram aperfeiçoadas, até chegarmos ao estágio em que o fanatismo em torno de uma estrela extrapola o universo cultural, tornando-se também um fenômeno econômico.

Dentro e fora dos palcos, a cantora americana Taylor Swift é hoje o maior símbolo do patamar impressionante a que chegou essa indústria. Compositora profícua e autora de letras confessionais e bem elaboradas, embaladas por arranjos de irresistível apelo pop, ela ostenta a marca de mais de 100 milhões de ouvintes mensais no Spotify, um recorde. Nas apresentações, lota estádios mundo afora, algo que se repetirá no braço nacional da turnê sul-americana, cujo início será no dia 17. Foram cerca de 560 000 ingressos vendidos entre Argentina e Brasil aos “swifties”, como são chamados seus fãs. Tamanho frisson espalha ondas de prosperidade para outras áreas, como a do turismo, que calcula arrecadar por aqui 400 milhões de reais graças aos espetáculos. Hotéis lotados durante a passagem da artista, de 33 anos, são uma coisa tão certa quanto a presença de hits como Blank Space no setlist da cantora, que, como peça central da engrenagem, já amealhou mais de 1 bilhão de dólares na carreira.

Em reportagem desta edição, os repórteres Felipe Branco Cruz e Amanda Capuano destrincham a receita que transformou uma ex-cantora country de relativo sucesso numa estrela planetária. Para antecipar o que os brasileiros poderão conferir de perto, Felipe esteve em Buenos Aires na apresentação de Taylor no estádio do River Plate no último dia 9. A turnê se chama The Eras e é como se fosse um grande musical dividido em dez atos, cada um representando uma fase da artista. Em cada ato, ela muda o cenário, o figurino e as coreografias. “Havia meninas com roupas de cheerleaders, collants vermelhos e vestidos esvoaçantes”, relata o repórter de VEJA. “Nunca vi nada igual em termos de devoção”, acrescenta ele, com base na sua experiência de cobertura de centenas de shows internacionais. Comparada ao furacão provocado por Taylor, toda a idolatria despertada nos tempos de Elvis parece hoje uma leve brisa.

Publicado em VEJA de 17 de novembro de 2023, edição nº 2868

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