Carta antissemita de Wagner é posta à venda em Jerusalém
No documento o compositor alemão, que era o favorito de Adolf Hitler, alerta os franceses sobre o "perigo" de se assimilar a cultura judaica.

Uma carta escrita por Richard Wagner alertando para a influência judaica na cultura será leiloada na próxima semana em Israel, onde apresentações públicas da obra do compositor alemão antissemita foram banidas.
Wagner, cuja grandiosa e nacionalista obra do século XIX é repleta de antissemitismo, misoginia e ideais de pureza racial, foi o compositor favorito de Adolf Hitler.
Apesar de nenhuma lei em Israel proibir suas músicas de serem tocas no país, orquestras e salas evitam fazê-lo devido aos protestos e confusões que marcaram apresentações no passado. Os regentes Zubin Mehta e Daniel Barenboim foram censurados publicamente por vítimas do Holocausto porque colocaram obras de Wagner em seu repertório.
A venda na terça-feira da carta manuscrita, datada de 25 de abril de 1869 e dirigida ao filósofo francês Edouard Schure, poderia trazer à tona o debate sobre o polêmico compositor em Israel.
Wagner escreveu na carta que a assimilação dos judeus na sociedade francesa impede a observação da “corrosiva influência do espírito judaico na cultura moderna”, acrescentando que os franceses sabem “muito pouco” sobre os judeus.
Meron Eren, cofundador e dono da casa de leilões Kedem, que venderá a carta, disse que era a primeira vez que lidava com um artigo de Wagner.
“Wagner se reviraria no túmulo” se soubesse que um judeu barbudo em Jerusalém vai lucrar com sua carta, disse Eren.