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Bibi Ferreira: uma vida dedicada ao teatro

Sua estreia aconteceu com apenas 24 dias e sua trajetória nos palcos só se encerrou em 2018, quando, fragilizada por causa da idade, anunciou aposentadoria

Por Meire Kusumoto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 fev 2019, 17h24 - Publicado em 13 fev 2019, 17h09

Morta aos 96 anos nesta quarta-feira, em sua casa no Rio de Janeiro, Bibi Ferreira dedicou toda a vida à carreira, honrando o título, atribuído por colegas e críticos, de grande dama do teatro brasileiro. Atriz, cantora e diretora, ela estreou nos palcos com apenas 24 dias de vida, quando seu pai, o ator Procópio Ferreira (1898-1979), a levou para substituir uma boneca que era usada na peça Manhã de Sol e havia desaparecido pouco antes do início da apresentação. Encaminhada pelo pai para a carreira artística, consagrou-se como intérprete de grandes musicais internacionais (My Fair Lady, O Homem de La Mancha, Alô, Dolly) e nacionais (Gota d’Água), sem se esquecer das homenagens que prestou a outros grandes intérpretes, como Edith Piaf, Amália Rodrigues e Frank Sinatra. Hoje, Bibi dá nome a um teatro e a um prêmio.

Filha de Procópio Ferreira com a bailarina espanhola Aída Izquierdo Ferreira, Abigail Izquierdo Ferreira nasceu no Rio de Janeiro em 1º de junho de 1922. Aos 3 anos, já integrou verdadeiramente o elenco de um espetáculo e saiu em turnê pela América Latina com a companhia Revista Espanhola Velasco, onde sua mãe trabalhava como corista. Sua parte consistia em cantar zarzuelas em espanhol.

Participou de óperas e balés e fez parte do Corpo de Baile do Teatro Municipal do Rio de Janeiro antes de ser mandada pelo pai para estudar em Londres, onde também se dedicou às artes dramáticas. Em 1936 participou do filme Cidade Mulher, de Humberto Mauro, em que cantava o samba Na Bahia, de Noel Rosa e José Maria de Abreu. Em 1941, estrelou a peça cômica La Locandiera, de Carlo Goldoni, como a protagonista Mirandolina, que passou por São Paulo, capital e interior, e pelo sul do país.

Em 1944 ela inaugurou sua própria companhia e estreou a peça Sétimo Céu com atores como Maria Della Costa e Cacilda Becker e a diretora Henriette Morineau. Deu aulas de interpretação e direção no Teatro Duse e na Fundação Brasileira de Teatro, no Rio, na década de 1950. Em 1956, levou o repertório de sua companhia para Portugal, onde depois foi contratada como atriz de teatro de revista. Bibi voltou ao Brasil em 1960 e começou a trabalhar também com a televisão, em teleteatros como o que apresentava no Programa Bibi ao Vivo, da TV Tupi.

Na década seguinte, Bibi dirigiu Maria Bethânia e Ítalo Rossi, em 1970, e Paulo Gracindo e Clara Nunes, em 1974, no musical Brasileiro, Profissão: Esperança, no Rio. Em 1975, ela estreou Gota d’Água, de Chico Buarque e Paulo Pontes, pelo qual recebeu os prêmios Molière e Associação Paulista dos Críticos de Artes (APCA), ao interpretar Joana. No ano seguinte voltou à direção no espetáculo Deus lhe Pague, que reuniu cinquenta artistas, como Walmor Chagas, Marília Pêra e Marco Nanini.

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Nos anos 1980, Bibi fez um de seus espetáculos mais conhecidos, Piaf, A Vida de Uma Estrela da Canção, que estreou em 1983. A atriz foi bastante elogiada pelos críticos, recebendo vários prêmios e, em apenas quatro anos em cartaz, o musical foi visto por um milhão de espectadores. “A voz poderosa, a interpretação sensível, a pronúncia francesa perfeita só poderiam pertencer à própria Piaf. E fica patente, de imediato, que tamanhos dotes devem ser creditados à nossa atriz. (…) Piaf é, de todos os pontos de vista, a criação maior da carreira de Bibi, feita de tantas iluminações”, escreveu Sábato Magaldi no Jornal da Tarde à época.

Na década de 1990, ela remontou Brasileiro, Profissão: Esperança, voltou a um musical de Piaf e comemorou seus 50 anos de carreira, com o Bibi in Concert. Em 1996 foi homenageada no Prêmio Sharp de Teatro e, em 1999, se aventurou no formato da ópera pela primeira vez ao dirigir Carmen, de Georges Bizet. No Carnaval de 2003, ela foi homenageada pelo samba-enredo da Escola de Samba Unidos do Viradouro, na Marquês de Sapucaí.

Bibi esbanjava energia mesmo com a idade avançada e após ter sofrido um infarto, em maio de 2012, quando precisou fazer um cateterismo. Nos últimos anos, fez os espetáculos Bibi Ferreira Canta Repertório Sinatra, em que entoava canções que se tornaram hits na voz de Sinatra, como Cheek to Cheek, Fly Me to the Moon e The Lady Is a Tramp, e Bibi Ferreira – Por Toda a Minha Vida, em que rememorava grandes sucessos de sua carreira e personalidades que fizeram parte dessa trajetória.

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Em 2018, ganhou um espetáculo em sua homenagem, Bibi, uma Vida em Musical, que passou por Rio de Janeiro e São Paulo contando a vida da atriz. O musical, escrito por Artur Xexéo e Luanna Guimarães e com direção de Tadeu Aguiar, foi estrelado por Amanda Acosta.

Em setembro do ano passado, poucos meses depois de passar cerca de vinte dias internada com quadro de desidratação e fragilizada por causa da idade avançada, Bibi anunciou que iria se aposentar. “Nunca pensei em parar, essa palavra nunca fez parte do meu vocabulário, mas entender a vida é ser inteligente”, afirmou, nas redes sociais.

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