Berlim: Alemão compara refugiados da 2ª Guerra com os de hoje
“Transit” não usa cenários de época, mas as ruas de agora
Em seus últimos filmes, o cineasta alemão Christian Petzold tem examinado o passado de seu país. Em Barbara, ele ia à Alemanha Oriental dos anos 1980, pré-Queda do Muro. Em Phoenix, falava de uma sobrevivente do Holocausto. Seu mais novo trabalho, Transit, exibido em competição no 68º Festival de Berlim e baseado num romance de Anna Seghers, visita a França ocupada pelos nazistas na década de 1940.
Enquanto o cerco às cidades francesas aperta, Georg (Franz Rogowski, ótimo) vai com duas missões a Marselha: levar um homem ferido e entregar duas cartas a um escritor. Não consegue cumprir nenhuma das duas. O escritor está morto, e ele assume sua identidade, com visto aprovado para escapar para o México. Só que nesse meio tempo conhece a misteriosa Marie (Paula Beer), mulher do homem que está fingindo ser.
Petzold tomou a decisão de não fazer um filme de época, ou seja, rodou nas ruas de hoje, com os carros e roupas de agora. Dessa forma, ele afirma que a situação dos judeus nos anos 1930 e 1940 na Europa não é diferente dos atuais refugiados que tentam desesperadamente entrar no continente.
Georg conhece, por exemplo, o menino Driss (Lilien Batman), que mora com sua mãe Melissa (Maryam Zaree) num prédio cheio de gente da África e do Oriente Médio. É uma forma ousada e curiosa, mas nem sempre bem-sucedida, de mostrar que o passado ecoa no presente.