Atores protestam contra projeto de Silvio Santos
Proposta prevê a construção de uma torre que taparia janela do teatro, principal característica do edifício dirigido por José Celso
Um grupo de atores criou neste domingo, 29, uma petição online em protesto contra o projeto apresentado pelo apresentador Silvio Santos de construir prédios residenciais onde fica o Teatro Oficina, no centro de São Paulo.
Na semana passada, o Condephaat – órgão estadual de defesa do patrimônio – reverteu uma decisão de 2016 que proibia as obras da Sisan – braço imobiliário do grupo Silvio Santos – no terreno ao lado do teatro. O projeto prevê a construção de três torres, sendo que duas delas tapariam uma janela do Oficina, que permite ao espectador ver a paisagem da cidade durante as apresentações. Essa é uma das principais características do teatro. A construção precisava passar pela aprovação do Condephaat porque a área onde o Oficina, projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi, é tombada.
“Iniciamos um movimento dos artistas do Brasil e do mundo, com o povo brasileiro, para que enviem para as autoridades do governo de São Paulo pedidos de veto ao assassinato cultural da obra de arte Teatro Oficina e seu entorno tombado”, escreve a Associação Teat(r)o Oficina Uziyna Uzona. “Invocamos a força da multidão para que direcione, através de textos, vídeos, etc ao governado Geraldo Alckmin pedidos de veto ao empreendimento ao grupo Silvio Santos.” Até o fechamento desta reportagem, a petição já tinha mais de 1400 assinaturas.
A proposta de Silvio Santos criou um embate que já é antigo entre o dono do SBT e o diretor do Oficina, o dramaturgo José Celso Martinez Corrêa. Segundo Zé Celso, o projeto vai provocar um “genocídio” do bairro. Ele diz também que a proposta de Silvio Santos “encaixotaria” o edifício.
A última vez que Zé Celso e Silvio Santos discutiram esse tema foi em uma reunião em agosto deste ano, no SBT, da qual participaram também o prefeito João Doria e o vereador Eduardo Suplicy (PT). Em um vídeo gravado nesta reunião, Silvio Santos diz a Zé Celso que “vai transferir a Cracolância” para a região do Oficina, após o dramaturgo se manifestar mais uma vez contra o projeto.