Após ter foto com filho deletada, Bela Gil diz que há muito tabu no país
A apresentadora e chef de cozinha, que se viu em meio à uma polêmica ao publicar uma imagem abraçada com o caçula, diz não se importar com ofensas
Recentemente, uma foto com seu filho Nino, de 4 anos, foi denunciada por duas vezes no Instagram. A situação a incomodou? É triste que a demonstração de afeto entre uma mãe e seu filho seja tão problematizada. A maioria dos comentários que recebi foi de gente elogiando a foto, mas sei que houve quem sexualizasse a situação e por isso me atacou. Mesmo assim, não me arrependo da postagem. No lugar de as pessoas perderem tempo, deveriam, isso sim, patrulhar os verdadeiros criminosos da rede, que são os pedófilos e os abusadores.
Acha que os brasileiros ainda estão cercados de tabus e preconceitos? Totalmente. Assuntos que deveriam ser tratados com muita naturalidade, como menstruação, amamentação e parto normal, são encarados como tabus. Isso tudo gera burburinho e faz a gente sentir culpa e medo. A censura à minha foto é uma prova disso.
O debate sobre racismo tem ganhado fôlego dentro e fora da internet. Já sofreu alguma discriminação? Todo mundo que é negro passou por algum episódio de racismo, ainda que de disfarçadamente, como aconteceu comigo. Por anos tive dificuldade de identificar os sinais do preconceito porque não me via como mulher negra e, no fundo, não me sentia no direito de levantar essa bandeira por não ter sofrido como outras pessoas.
Esse ano você se filiou ao Psol e seu marido decidiu se candidatar a vereador pelo partido em São Paulo. Também vai entrar para a política? Tenho vontade de ingressar na vida pública, sim, mas um pouco mais para frente. Confesso que estou desacreditada com a política tão polarizada, acho tudo uma bagunça. Para ser franca, não me sinto confortável de entrar neste momento numa coisa em que não acredito.
Você se manifestou de forma contrária ao recente pedido do Ministério da Agricultura para que o Guia Alimentar para a População Brasileira seja revisado. por quê? Mexer nesse guia é uma forma de deseducar as pessoas. Ele já é muito esclarecedor ao dizer que devemos privilegiar comida de verdade e comer menos os alimentos ultraprocessados. Por incrível que pareça, para a indústria, quanto menos o consumidor souber o que está ingerindo, melhor.
Acredita que, passada a pandemia, o hábito de cozinhar em casa vai permanecer? Não sei se todo mundo conseguirá manter isso no dia a dia, mas pelo menos vão dar mais valor à qualidade da comida e quem cozinha para elas.
Ainda acha graça dos memes que circulam sobre você na internet? Vejo grande parte deles como uma homenagem que acabou ajudando a popularizar a cultura gastronômica em que acredito. Quantos aos mais ofensivos, não dou atenção.