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Amanda Seyfried sobre interpretar golpista: ‘tive de achar compaixão’

Protagonista da série 'The Dropout', atriz fala a VEJA sobre os desafios de viver Elizabeth Holmes, empresária condenada por fraude em empresa bilionária

Por Amanda Capuano 4 mar 2022, 11h58

Em janeiro desse ano, a americana Elizabeth Holmes, 38 anos, foi considerada culpada por três acusações de fraude e uma por conspiração para cometer fraude eletrônica que podem levá-la a encarar até 20 anos de prisão. Fundadora da empresa de biotecnologia Theranos, Holmes ficou famosa ao prometer revolucionar a medicina com uma máquina que seria capaz de diagnosticar mais de 200 doenças, incluindo o câncer, com uma única gota de sangue colhida do dedo. Para desenvolver o projeto, ela arrecadou 945 milhões de dólares de investidores e pacientes, e chegou a ter a empresa avaliada em 9 bilhões. Em 2015, porém, uma investigação do jornal Wall Street revelou que a Theranos fazia no máximo uma dúzia de testes, e com pouquíssima precisão, revelando-se uma fraude bilionária.

A história é retratada na minissérie The Dropout, que acaba de chegar ao Star+ com Amanda Seyfried na pele de Elizabeth Holmes. A produção acompanha Holmes desde a adolescência, quando era uma jovem decidida a ser bilionária, até o julgamento, que se encerrou com a sua condenação. O roteiro tenta observar a jornada da golpista para além da ficha criminal. Em entrevista a VEJA, a atriz contou como lidou com os conflitos morais do papel e disse ter desenvolvido compaixão por Holmes. Confira:

Elizabeth Holmes é hoje uma das pessoas mais criticadas do mundo. Como lidou com esse conflito? Eu vi como uma oportunidade de mudar um pouco a narrativa. Esse é o motivo pelo qual fizemos a série. Somos todos seres humanos e temos várias nuances, partes boas e ruins. Explorar os motivos das decisões dela é a parte mais importante da história. Há uma realidade imaginada entre os fatos, e isso ajuda a definir o contexto de tudo. Acho que as pessoas terão uma opinião um pouco diferente sobre tudo no final, porque eu tenho. Eu tive que explorar Elizabeth Holmes e encontrar um pouco de compaixão para descobrir o que diabos aconteceu com essa garota.

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E como você se sente sobre ela hoje? Eu tenho muita compaixão pelas coisas que aconteceram com ela. Por alguém que é uma mulher com toda essa responsabilidade. Me identifico com ela de certa forma. Crescemos na mesma época, estivemos no ensino médio no mesmo período. No fundo, não desejo mal a ela. Sei que contamos uma boa história na série, para além do que saiu nos jornais. Tudo o que tinha de mal para ser dito sobre ela já foi dito.

Há muitas discussões sobre o poder da indústria farmacêutica e do vale do silício hoje em dia, e Elizabeth Holmes é parte disso. A série contribui com essas discussões? Acredito que sim. Há uma mensagem sobre a obsessão pelo sucesso para todos os que acreditam que o “finja até conseguir” é real. Há algo em nós que faz a gente desejar que as pessoas alcancem o sucesso a qualquer custo, então somos cúmplices. Mas é preciso ter cuidado com o que se promete. Se você vende um produto que não tem, alguém vai descobrir. No ramo da tecnologia, isso se chama “vaporware”, e acontece o tempo todo. Você vende uma ideia, as pessoas investem, e só então você desenvolve o produto. Não se pode fazer isso com biotecnologia. Estamos falando de ciência, de saúde, algo totalmente diferente. Você não pode fazer o que ela fez e esperar sair impune. É importante que as pessoas vejam como isso acontece facilmente, e que existe uma responsabilidade.

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