Albert Uderzo, um dos criadores do Asterix, morre aos 92 anos
Ao lado de René Goscinny, ele criou os populares personagens em quadrinhos que ironizavam o arquétipo do gaulês viril

O desenhista francês Albert Uderzo morreu nesta terça-feira, 24, aos 92 anos. Ao lado de René Goscinny, Uderzo criou Asterix e seus amigos gauleses, em 1959, personagens que se tornaram símbolos da cultura francesa, conhecidos internacionalmente. “Eu não sou reconhecido nas ruas. Os personagens podem se tornar mitos, mas nós não, seus pais”, dizia Uderzo.
Carregando o peso dos anos com equilíbrio e desapego, Albert Uderzo continuou sendo um homem pouco conhecido, de caráter reservado e comportamento tranquilo, preferindo falar mais sobre seu trabalho do que sobre si mesmo.
Grande entusiasta da Ferrari (quase 20 carros da marca passaram por sua garagem), filho de um casal de imigrantes italianos, ele morava em uma mansão em Neuilly-sur-Seine. Ficou rico graças aos cerca de 370 milhões de quadrinhos vendidos em todo o mundo (traduzidos para 111 idiomas ou dialetos), 15 filmes (animação e cinema), um parque temático, videogames e produtos derivados às centenas.
A morte em 1977, aos 51 anos, do colega e roteirista René Goscinny, durante um teste de estresse realizado para um exame de saúde, o afetou bastante. Juntos lançaram 24 álbuns. Uderzo então deixou a Dargaud, sua editora histórica, para fundar sua própria casa, as edições Albert-René, e assumiu sozinho a publicação das histórias de Asterix.
Nascido em 25 de abril de 1927 em Fismes, Uderzo nasceu com 12 dedos. A anomalia foi corrigida em uma operação. A infância em Paris foi modesta, mas feliz. O jovem, que era daltônico, descobriu o desenho na editora Société, onde trabalhou na década de 1940. Em 1951, conheceu Goscinny, o que foi início de uma colaboração fraterna de 26 anos. Criaram “Jeahn pistolet” o corsário, depois “Oumpah Pah” pele vermelha. Em 1959, nos subúrbios de Paris, onde Uderzo vivia, entre cigarros e álcool, inventaram um novo universo todo em “ix”, com um bando de armoricanos obstinados. A ideia veio das estadias na Bretanha.
Anti-arquétipo do gaulês viril, Asterix apareceu na primeira edição da revista Pilote, em outubro de 1959. Em 1961, foi lançado Asterix, o Gaulês, o primeiro álbum de uma longa série. Rapidamente, o desenhista com traços expressivos passou a se dedicar apenas às aventuras do personagem e seus amigos.
Em 2011, sofrendo de artrite reumatoide na mão direita, Uderzo passou o bastão (em acordo com Anne Goscinny, detentora exclusiva dos direitos de seu pai) a autores mais jovens, enquanto acompanhava de perto o trabalho deles.
(Com agência AFP)
