A verdade sobre o suposto brinco de pérola em obra emblemática de Vermeer
Adereço que dá nome à pintura teria custado uma fortuna exorbitante na época

Meisje met de parel, ou Moça com Brinco de Pérola, é a obra mais conhecida do holandês Johannes Vermeer (1632-1675). Emblemática, a figura chama atenção para o ponto de luz no penduricalho da modelo. O curioso é que a pedra que dá nome ao quadro provavelmente não era uma pérola, mas sim um acessório de vidro moldado em formato de lágrima. A tese é de Pieter Roelofs, co-curador da exposição que está sendo inaugurada no Rijksmuseum, em Amsterdã, em retrospectiva à obra do artista.
Conforme aponta Roelofs no catálogo da mostra, “no trabalho de Vermeer, estamos olhando para imitações de pérolas feitas de vidro, que em sua época eram vendidas principalmente por sopradores de vidro venezianos”. Uma pérola na dimensão vista na obra teria sido “astronomicamente cara” naquela época, já que no século XVII as pérolas vinham do estreito de Palk, entre a Índia e o atual Sri Lanka. Há registros de um joalheiro holandês que, em 1632, comprou em Londres uma grande pérola para presentear uma princesa, pagando 500 libras (hoje equivalente a 100.000 libras). Essa pedra era possivelmente muito menor que a pintada por Vermeer.
Até pouco tempo atrás, a obra ilustre costumava ser chamada de Moça do Turbante (Girl with the Turban, em inglês). Ela só recebeu o nome pelo qual é hoje conhecida por volta de 1995, por decisão do curador Quentin Buvelot, do museu Mauritshuis, em Haia, quando uma retrospectiva de Vermeer foi realizada na National Gallery of Art, em Washington, capital dos Estados Unidos. O Mauritshuis é o atual dono da pintura, datada de 1665. Especula-se que a famosa modelo pode ter sido a filha mais velha do pintor, Maria, que nasceu por volta de 1655, mas ela teria apenas dez anos na época.