A polêmica causada por quadro de Jesus com rosto de ‘Pateta’ na Austrália
O artista australiano Philjames recebeu ameaças nas redes sociais devido ao tema da pintura
Uma pintura de Jesus Cristo sobreposta com personagens de desenhos infantis foi removida de uma exposição no Casula Powerhouse Arts Centre, galeria em Sydney, na Austrália, após uma série de protestos online. A obra foi alvo de críticas na última sexta-feira, 5, apenas dois dias antes do término da mostra, que esteve em cartaz por oito semanas.
Chamado Jesus Speaks to the Daughters of Jerusalem (“Jesus fala com as filhas de Jerusalém”, em tradução livre), o trabalho do australiano Philjames retrata Jesus com o rosto do Pateta, personagem da Disney, ao lado de outras figuras da animação Looney Tunes. O artista e os funcionários da galeria receberam ameaças violentas nas redes sociais devido ao teor da obra, considerada ofensiva por manifestantes cristãos.
“Gosto de provocar alguma reação com meu trabalho, mas a novidade passou muito rápido na sexta-feira. O volume foi realmente assustador. Faço esse tipo de trabalho há cerca de 15 anos e já deixei uma ou duas pessoas chateadas, mas nada parecido com isso. Foi vil e nada cristão”, disse o artista, em entrevista ao jornal inglês The Guardian. Philjames alega que recebeu cerca de 200 mensagens nas redes sociais na sexta e no sábado, e a galeria diz que recebeu mais de 60 telefonemas de manifestantes somente na sexta-feira.
Prefeito de Liverpool, região no subúrbio de Sydney onde fica a galeria, Ned Mannoun optou pela remoção da pintura após ouvir “muitas reclamações de vários moradores que ficaram enojados e ofendidos” pela obra. O prefeito também afirmou que o direito à liberdade de expressão precisa ser equilibrado com o direito de praticar a religião sem medo, perseguição ou ridicularização. “Jesus não tem ligação com o Pateta”, disse Mannoun em um comunicado.
Embora concorde que a retirada da obra foi a melhor opção em face às ameaças que recebeu, Philjames teme que o caso abra precedentes para censura. “Isso para mim é o mais problemático: o prefeito pediu a retirada, colocando a politicagem à frente da liberdade de expressão. Onde isso termina?”, afirmou. “Foi um trabalho lúdico. Gosto de incorporar personagens de desenhos animados [às minhas obras], eles lidam com questões humanas. Para ser honesto, não havia nenhum significado por trás da peça. É apenas uma imagem”, disse o artista, que em outras ocasiões representou figuras como Donald Trump, Christopher Reeve e a Rainha Elizabeth II de forma absurdista.
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