A foto do atentado de Ronald Reagan que mudou a vida de Sebastião Salgado
Fotógrafo que deixou legado no registro de paisagens e povos indígenas começou no fotojornalismo factual

Maior fotojornalista brasileiro, Sebastião Salgado (1944-2025) fez um registro em 30 de março de 1981 que mudou sua vida — e carreira. Naquele dia, o mineiro conseguiu capturar um momento histórico cheio de tensão: o atentado contra Ronald Reagan (1911-2004), então presidente dos Estados Unidos.
Salgado estava em uma missão fotográfica em Washington, D.C., capital do país, para acompanhar a agenda do presidente americano para uma matéria sobre os 100 primeiros dias de seu governo. Às 14h25, quando Reagan saía do Hotel Hilton, ele foi baleado pelo cidadão John Hinckley Jr., que agiu sozinho. O atirador disparou seis vezes contra o republicano, e uma das balas atingiu a lataria de um carro e ricocheteou na direção do peito do presidente. Ele foi operado e sobreviveu.
Hinckley queria chamar a atenção da atriz Jodie Foster, por quem havia desenvolvido uma obsessão desde que a vira em Taxi Driver, filme em que ela interpretou uma prostituta de 12 anos protegida por um motorista que cometia um atentado contra um candidato à presidência dos Estados Unidos.
Com grande maestria, o brasileiro estava a poucos metros do político e conseguiu registrar toda a ação caótica e o que aconteceu depois do ataque, com fotos da correria dos agentes do Serviço Secreto, a expressão de dor de Reagan e toda tensão que pairava no ar — em um dos momentos que mostrou a fragilidade da segurança do americano e abalou o país.
As imagens registradas daquele acontecimento tiveram impacto nos protocolos de segurança presidencial, e Sebastião vendeu suas fotos do caso para centenas de jornais e revistas do mundo inteiro. Com o dinheiro, ele pôde fazer sua primeira viagem à África para começar o projeto que o tornaria famoso e lhe daria reconhecimento mundial: o registro de povos isolados e as belezas da natureza.
Morte de Sebastião Salgado
O fotógrafo Sebastião Salgado morreu aos 81 anos nesta sexta-feira, 23, vítima de problemas decorrentes de uma malária que adquirira nos anos 1990. O artista vivia em Paris. A notícia foi divulgada pelo Instituto Terra, fundado por ele.